Na contramão da canalização

22/10/2013

São Paulo lança Arco Tietê e busca pacto social pela ‘cidade do futuro’. Ambicioso, projeto propõe marginal subterrânea e parque linear nas margens do rio Tietê.

Nos últimos anos, muitos dos cursos d’água que cortam
grandes centros urbanos tiveram seus leitos transformados em grandes canais. A
canalização foi feita em nome da adequação dos cursos d’água ao crescimento dos
municípios. Essa medida, entretanto, ignora as características naturais dos
cursos d’água e, principalmente, o fato de eles serem fundamentais à regulação
climática. 

“A canalização é, na verdade, uma máscara para os problemas
urbanos. Afinal, é o esgoto que deve ser canalizado, e não os córregos e rios”
alertam especialistas.

Em relação ao assunto, recentemente foi discutido em São Paulo, soluções para
o rio Tietê. Enquanto prefeituras de cidades como Belo Horizonte investem na
canalização dos rios, São Paulo pensa em revitalização e apresentou à sociedade
um projeto ousado, mas dentro das normas de transformação ambiental e social.

O projeto “Arco Tietê”, propõe a criação de um parque linear
restituindo o verde e a água das chuvas nas margens do rio Tietê. Com investimentos
iniciais previstos na casa dos 20 milhões, o objetivo é juntar moradia, emprego
e requalificação do espaço.

Segundo informações da Secretaria de Desenvolvimento Urbano
da capital paulista, a conclusão de todas as intervenções urbanas pode levar
até três décadas.

Entre outras novidades, o Arco Tietê ainda prevê sistema de
transportes articulado com as linhas da CPTM, bulevares, jardins e praças
suspensos ao lado de terminais de transportes (ônibus, trem e metrô),
enterramento de ferrovias, ciclovias e estacionamentos junto a terminais de
trens.

 Anel verde

 Para os responsáveis pelo projeto, o Arco Tietê tem também
um caráter simbólico, além da enorme dimensão física de articulação entre
emprego e moradia que é uma das diretrizes do plano, ele gira em torno de
quatro setores prioritários que são o econômico, ambiental, de mobilidade e
habitacional. Ainda segundo informam, a magnitude do “Arco” pressupõe inúmeras
formas de investimentos e a ideia é formular um conjunto de diretrizes que irão
pautar o desenvolvimento dos consórcios, que terão de articular os projetos
segundo três modelagens: a urbanística, a econômica (como viabilizar os projetos)
e a jurídica.

A proposta que custará até seu encerramento “dezenas de
bilhões de reais” prevê a transformação da cidade em várias fases, de curto,
médio e longo prazos.

O espaço total das intervenções é estimado em 5 milhões de
um total de 60 milhões de metros quadrados do território do Arco Tietê e o programa
contém uma série de planos, projetos e ações que visam construir uma base para
a cidade se transformar não nos próximos dez, mas em 20, 30 anos.

Para o coordenador do projeto Manuelzão, Marcus Vinícius
Polignano, a diferença de pensamento está na restituição do verde. “Enquanto canalizam
rios, como o Rio Arrudas, em
Belo Horizonte, outras cidades trabalham a lógica da revitalização.
Esse deveria ser o caminho”, reforça Polignano. 

 

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