Não é por aí

16/07/2012

Idealizador do Projeto Manuelzão critica a transposição do São Francisco e apresenta outras alternativas para a realidade do semiárido nordestino

A transposição do Rio São Francisco é a obra mais cara do Programa de Aceleração do Crescimento, realizado pelo governo federal. O projeto prevê a construção de mais de 600 km de canais de concreto, para retirar parte das águas do Velho Chico e abastecer o Nordeste Setentrional. Com um aumento de 36% no valor estimado, o conjunto de obras passou dos R$ 5,04 bi iniciais para R$ 6,85 bi. Além disso, os canais que estão em processo de construção encontram-se rachados e com um atraso no cronograma do projeto. Iniciada em 2007, a obra do canal Eixo Leste, por exemplo, que tinha término previsto para o final deste ano, deve ser concluída apenas em dezembro de 2014.

O governo federal argumenta que a transposição do São Francisco tem o objetivo de fornecer água para a população atingida pela seca no Nordeste. Porém, a seca é uma propaganda enganosa, pois o problema do Nordeste é a concentração de chuvas em poucos meses do ano, e a água transposta não vai atender às pessoas sem abastecimento hídrico, mas sim aos interesses do agronegócio e da indústria da seca. O projeto também apresenta problemas técnicos. Os canais abertos estão sendo construídos em uma área com elevados índices de evaporação, o que ajuda a impedir que a obra leve água a quem precisa. E ainda há outras opções para um melhor convívio entre os nordestinos e o clima da região. Os açudes, por exemplo, armazenam aproximadamente 40 bilhões de metros cúbicos de água, quantidade suficiente para abastecer a população que sofre com o regime irregular de chuvas.

Dessa forma, a obra de transposição do Velho Chico aparece como a pior das alternativas. De acordo com o idealizador e co-fundador do Projeto Manuelzão, Apolo Heringer Lisboa, o projeto somente se explica por arranjos políticos, que visam atender aos interesses das grandes empreiteiras. Leia a entrevista de Apolo sobre o assunto, na edição 65 da revista Manuelzão, páginas 20 a 22.

 

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