No caminho do gol?

08/10/2011

Poluição e assoreamento são entraves à revitalização da Lagoa da Pampulha, mas os desafios vão além da limpeza

A Lagoa da Pampulha está contemplada na Meta 2014,
que propõe a revitalização do trecho metropolitano da Bacia do Rio das Velhas.
O cartão-postal da capital mineira, porém, corre o risco de continuar poluído,
assoreado e com mau cheiro, mesmo com a aproximação da Copa 2014. Um dos
motivos é a dificuldade da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa)
para combater o lançamento inadequado do esgoto de 8.000 casas do entorno de
córregos que deságuam na Lagoa. O assunto foi discutido nesta quinta, dia 6, em
audiência pública realizada na Assembleia Legislativa. 

Segundo a Copasa,os proprietários, de Contagem e de
Belo Horizonte, se recusam a regularizar a rede de esgoto para não ter de pagar
a taxa de saneamento básico. Os dejetos dessas residências são então, lançados
diretamente na Bacia da Pampulha. Em Contagem nasce mais da metade dos rios que
desembocam na Lagoa, mas apenas 60% do esgoto do município é tratado. A Copasa
conta com R$ 102 milhões do Programa de Aceleração do Crescimento para a
construção de interceptores que levarão o esgoto coletado ao longo dos córregos
da região para as estações de tratamento. As obras canalizarão os dejetos de 50
bairros de Belo Horizonte e Contagem e o esgoto coletado na Bacia da Pampulha
será encaminhado para a Estação de Tratamento de Esgoto do Ribeirão do Onça
(ETE Onça). Os efluentes dos moradores resistentes à taxa de saneamento,
entretanto, continuarão sendo lançados nos cursos d’água, o que impede a
solução do problema.

Outra situação que persiste é o assoreamento da
Lagoa. BH não possui recursos para retirar os detritos — equivalentes a 70 mil
metros cúbicos — que se acumularam na barragem ao longo das últimas décadas.
Anualmente, cerca de 1.000 m³ de terra caem na Lagoa. “Os rios vão trazer
a água limpa, mas, se o desassoreamento não for feito, a Lagoa continuará
suja”, reconhece o coordenador executivo do Programa de Recuperação
Ambiental da Secretaria Municipal de Políticas Urbanas, Ricardo Aroeira. Mas
vale lembrar que o desassoreamento pode ser prejudicial às espécies existentes
na Lagoa, devido a determinadas substâncias tóxicas liberadas com o
revolvimento da terra.

No entanto, as obras de saneamento e
desassoreamento propostas ainda são insuficientes. O projeto de revitalização
da Lagoa deve abranger toda a Bacia da Pampulha. É importante considerar toda a
rede hidrográfica, o que requer a recuperação e preservação dos 42 córregos da
Bacia. “A Lagoa está nessa situação há mais de 60 anos e agora só vão
arrumar para a Copa. É preciso que esses projetos tenham continuidade”,
defende o coordenador do Projeto Manuelzão, Apolo Heringer.

Fonte: O Tempo

 

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