Nota de falecimento — Bob HughesProjeto Manuelzão

Nota de falecimento — Bob Hughes

30/06/2025

Saudamos a memória e o legado de Robert Mason Hughes, destacado especialista em conservação de ambientes aquáticos e parceiro do Projeto Manuelzão

Grande referência na ciência internacional, Bob contribuiu para a formação de muitas gerações de pesquisadores.
Carlos Bernardo M. Alves, biólogo do Núcleo Transdisciplinar e Transinstitucional pela Revitalização da Bacia do Rio das Velhas (NuVelhas)
Paulo dos Santos Pompeu, professor da Universidade Federal de Lavras (UFLA)

Na noite da última segunda-feira, 23 de junho, perdemos um grande amigo e parceiro científico. Conhecemos o norte-americano Bob Hughes em 2001 e o convidamos para trabalhar no rio das Velhas. Ele cultivava um carinho especial pelo Projeto Manuelzão, por incluir a saúde humana em avaliações de qualidade ambiental. Lutava há alguns anos contra um câncer na bexiga que, após um tratamento inicial, foi controlado. Mas a doença voltou mais agressiva este ano… Nesse meio-tempo, ainda veio ao Brasil por três vezes, reforçando seu interesse e comprometimento com a criação de uma sólida base científica no campo da Integridade Biótica, trabalhando em diversos estados e bacias hidrográficas brasileiras.

Seu grande legado foi a generosidade em compartilhar o melhor da ciência e do relacionamento interpessoal conosco. De alunos de graduação a professores em topo de carreira, de pesquisadores a técnicos de empresas, tratava todos com a mesma atenção, carinho e humildade, passando o máximo de conhecimento possível. Mesmo sendo uma inquestionável sumidade na ciência internacional, não impunha barreiras e sempre foi acessível. Bob, diferentemente de outros exploradores estrangeiros que estiveram aqui em séculos anteriores, não veio ao Brasil para tirar algum proveito próprio, mas sim partilhar sua expertise, participando da formação acadêmica de mais de uma centena de pesquisadores brasileiros. Em sua caminhada participou de centenas de publicações (artigos científicos, capítulos de livro) em parceria com brasileiros e incentivou a participação de colegas em eventos tanto aqui como no exterior.

A paixão que alimentou pelo Brasil foi tão grande que Bob chegou a morar em três oportunidades por alguns meses em Belo Horizonte, Lavras e em Belém. Sempre ajudando na formação de pesquisadores, a herança deixada pelo Bob será eterna, pois tudo que ele nos ensinou será replicado na pesquisa científica e no monitoramento de ambientes aquáticos. Ele não só ajudou na formação de alunos e nas suas carreiras profissionais, como alavancou a carreira de vários professores já estabelecidos. Tamanha era sua generosidade que em sua última semana de vida o Bob criou um fundo de contribuição ao Projeto Manuelzão. Era um ser iluminado.

A ele todo nosso agradecimento. Os nossos rios vão tê-lo como referência sempre!

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Em março de 2008, a Revista Manuelzão 44 narrou uma visita à bacia do Velhas por Bob e seu colega de docência na Universidade Estadual de Oregon, Philip Kaufmann, e a troca de conhecimentos dos dois com os pesquisadores do NuVelhas. Leia a matéria “Encontro de experiências” na página 21 da Revista Manuelzão 44.

Já em dezembro de 2009, a Revista Manuelzão 55 entrevistou Bob sobre metodologias para a avaliação da saúde de ambientes aquáticos. Leia a entrevista “Ferramentas para as águas” na página 9 da Revista Manuelzão 55.

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