Nova espécie de bagre é encontrada em afluentes no Alto Rio das VelhasProjeto Manuelzão

Nova espécie de bagre é encontrada em afluentes do Velhas nas serras do Gandarela e Curral

18/12/2024

Registrada no Ribeirão da Prata e no Córrego do Jambreiro, espécie está em sério risco de extinção devido à ação humana

Espécies como a Cambeva damnata podem passar despercebidas graças à pequena estatura. Foto: Axel Katz.

Pesquisadores identificaram uma nova espécie de bagre na Bacia do Rio das Velhas, no Córrego do Jambreiro, em Nova Lima, e no Ribeirão da Prata, em Raposos. A nova espécie denominada Cambeva damnata foi catalogada em estudo, publicado no fim de agosto, que envolveu cientistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal do Tocantins (UFT), Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e da Faculdade Eduvale de Avaré, em São Paulo.

A Cambeva damnata tem cerca de 7 centímetros de comprimento, pele escorregadia e coloração cinza-amarelada, com grandes manchas marrons de formato irregular. Não tem escamas e é dotado de pequenos dentes, que se assemelham com espinhos e permitem que ele escale pedras e cachoeiras.

Segundo Valter Azevedo, um dos pesquisadores que assinam a descoberta, o nome do peixe “damnata” vem do latim e significa “condenado”. O nome foi escolhido porque o peixe recém-descoberto já corre o risco de ser extinto. O Córrego do Jambreiro nasce na Serra do Curral, região constantemente ameaçada pela atividade de mineração, que causa o assoreamento dos rios, destruição das matas ciliares e contaminação das águas. Já o Ribeirão da Prata, que nasce na Serra do Gandarela, além da constante ameaça da mineração, enfrenta o perigo da grande expansão urbana, que propicia o aumento da poluição e desmatamento no entorno do rio.

Axel Katz, biólogo e pesquisador que também participou da descoberta, explica a fragilidade dos ambientes que propiciam a vida da espécie. “Como são encontradas apenas nas cabeceiras dos rios, qualquer efeito que modifique, polua ou seque essas áreas pode potencialmente acabar com toda a população delas. A população saudável (com bastante indivíduos) era justamente a que se encontrava no fragmento de floresta em que nós o encontramos.”

O cientista reforça que para conseguir manter a espécie é necessário preservar as nascentes e a mata ao longo das margens do rio e evitar despejar esgoto ou produtos químicos na água. “Parece simples, seria basicamente obedecer às leis. Mas atualmente é isso que mais põe em risco espécies de ambiente aquático”, explica Katz.

Os pesquisadores explicam que existe uma variedade gigantesca de habitats de água doce, o que contribui para que diversas espécies de “bagrinhos” se adaptem. A pequena estatura colabora para que uma diversidade de espécies passe despercebida pelos pesquisadores.

Além de Katz e Azevedo, participaram do estudo os pesquisadores Wilson Costa, Felipe Ottoni e Paulo Vilardo.

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