Novos palcos

08/06/2011

Quarta edição do FestiVelhas propõe nova forma de sensibilizar as pessoas para a relação entre cultura e meio ambiente e discute perspectivas para o ProjetoManuelzão

Os tambores rufaram; as cortinas foram abertas e as sementes, lançadas. Agora é torcer pelo bom tempo e cuidar para que as boas ideias germinem. O FestiVelhas Manuelzão Arte e Transformação, realizado nos dias 04 e 05 de junho no Campus Pampulha da UFMG, trouxe para o centro do palco debates sobre a temática ambiental e apresentações culturais. No primeiro dia, os participantes se reuniram próximo ao Prédio da Reitoria da UFMG e seguiram ao som da Guarda de Moçambique Nossa Senhora da Guia até a Praça de Serviços. Lá, o Grupo Meninas de Sinhá esperava o cortejo. Foi o encontro de dois afluentes da cultura popular, embalado por canções e tambores. Estava aberto o FestiVelhas 2011. Os presentes foram convidados a brincar de roda e não serem apenas platéia, mas também atores do evento.

O segundo dia trouxe mais encontros, debates e manifestações culturais. Ao todo, cerca de 300 pessoas foram credenciadas e participaram do Festival que neste ano se juntou às comemorações do Dia Mundial do Meio Ambiente. Para o coordenador geral do Projeto Manuelzão, Marcus Vinícius Polignano, o FestiVelhas cumpriu suas metas, promovendo um encontro cultural da Bacia, debates e embates que vão contribuir para amadurecer, fortalecer e repensar o Projeto. A expectativa é que o Teatro Manuelzão tenha continuidade para que seja mais um aliado na sensibilização das pessoas para a causa ambiental.

 Debates

O primeiro debate no sábado foi realizado por pessoas “de casa”. Os coordenadores Marcus Vinícius Polignano e Thomaz da Matta Machado; o coordenador do Nuvelhas, Carlos Bernardo Mascarenhas; a mobilizadora Dona Ivana Eva e o coordenador da Comunicação, Elton Antunes falaram sobre o nascimento do Projeto, suas peculiaridades e desafios.

O segundo debate reuniu o paleontólogo Castor Cartelle, o economista Hugo Penteado e a filósofa Telma Birchal para discutir “A convivência da economia, ecologia e cultura”. Os participantes foram convidados a refletir sobre a visão de natureza, a relação que mantemos com ela e com o próprio ser humano. Para Cartelle, um importante passo para pensar a relação com a natureza é re-avaliar nossas interações com o outro. Ele apontou a necessidade de valorizar a vida e amar incondicionalmente o ser humano. “Qualquer homem é mais importante que nós mesmos”, destacou. Hugo Penteado afirmou que economistas excluem de suas teorias as pessoas e o planeta. Para ele, o ser humano não está negociando o prazo de permanência da espécie na Terra, acreditando que nunca serão extintos. Já a filósofa Telma Brichal convidou a re-pensarmos a nossa concepção de natureza e ressaltou o constante estado de mudanças no qual nos encontramos. Segundo ela, temos a opção de deixar o movimento passar ou dar um sentido à ele.  

No domingo, a discussão “A transformação da cultura socioambiental e reprodução através da transdisciplinaridade” abordou principalmente a economia em relação ao meio ambiente. Os debatedores foram o filósofo José de Anchieta Corrêa e o coordenador do Projeto Manuelzão, Apolo Heringer Lisboa. A participação do público foi um dos pontos de destaque. Muitos dos participantes encontraram nos debates um espaço para o compartilhamento de experiências e histórias.  

 

Teatro Manuelzão


Cena de “Calvário e Ressurreição do Rio das Velhas”

O evento foi guiado pela leveza e espontaneidade do teatro, o carro-chefe desta edição do FestiVelhas. A proposta foi promover a interação entre atores e público, e a inversão de papeis. As cenas eram intercaladas com as atrações, sempre trazendo para o palco a possibilidade de refletir sobre nosso comportamento.

No sábado, “Calvário e Ressurreição do Rio das Velhas”, contava a história de degradação do Velhas pelo homem e o nascimento da esperança de revitalizar o Rio. A segunda cena, “Nascimento da vida, da cultura e da economia” destacou a importância dos recursos naturais para o desenvolvimento da sociedade e a ingratidão do homem com a natureza. Já no segundo dia, a delicada relação entre ser humano, economia e meio ambiente foi retratada em “Governo da economia”.

Para o diretor do Teatro, Germán Milich, “a ideia, a arte e a imaginação são ferramentas fortes” para a mudança de mentalidade em relação ao meio ambiente e a vida no planeta. Ele destaca que nesta edição o FestiVelhas promoveu a criação de vínculo com os artistas, tornando-os também público. Germán destaca que esse foi o início de uma proposta e que se deve lutar para levá-la adiante.

 

Sons, cores e movimentos da nossa Bacia


Meninas de Sinhá esperavam cortejo na Praça de Serviços
Encanto foi a palavra que definiu as manifestações culturais apresentadas no FestiVelhas. No sábado, os tambores da Guarda de Moçambique Nossa Senhora da Guia, a poesia Folguedo Boi Rosado, da tradição de Meninas de Sinhá, as afinadas vozes do Coral da Escola Municipal Professor Pedro Guerra e a beleza da Orquestra de Câmara da Escola Estadual Padre João Botelho alegraram o evento. Para encerrar a noite com gosto de infância, o violeiro Rubinho do Vale apresentou seu show. No domingo, se encontraram no palco Meninas de Sinhá e o coral infantil da Copasa, Gotas da Canção. Encerrou-se a edição do FestiVelhas com Pereira da Viola, declamando seus versos em meio às notas musicais. 

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