Para nada escapar

08/04/2011

Poluição atmosférica causada por veículos em BH pede ações em várias áreas

1,29 milhão: esse é o numero de veículos circulando em Belo
Horizonte, de acordo com dados de 2010, do Departamento Nacional de Trânsito.
Em apenas dez anos, o número de veículos praticamente dobrou na capital. Quem
pega o trânsito todo dia sente na prática esses números: tráfego intenso,
lentidão e dificuldades para encontrar vagas para estacionar.

Enquanto está todo mundo parado no trânsito, a emissão de poluentes
no ar não para. De acordo com a gerente de Gestão da Qualidade do Ar e Emissões da Fundação Estadual do Meio Ambiente
(Feam), Elisete Gomides, praticamente 100% da poluição atmosférica produzida em
Belo Horizonte se deve à frota de veículos e o que é lançado na capital também
interfere na qualidade do ar de outras cidades, como Contagem e Betim. As
consequências vão desde doenças respiratórias ao agravamento do efeito estufa. E
assim como o problema, as soluções para a poluição atmosférica em BH são complexas.

Peças diferentes…

Os veículos não
poluem da mesma forma. De acordo com a gerente de Fiscalização e Controle da
Poluição Veicular da Secretaria Municipal de Meio Ambiente,  Bernadete Gomes, o tipo de veículo, a
idade da frota e o combustível utilizado interferem no grau de poluição.
Veículos movidos a diesel – combustível com alto teor de enxofre – como ônibus
e caminhões, são os maiores poluidores. Normalmente são eles que estão há mais
tempo em circulação, o que agrava a poluição. “Caminhões tem 30, 40, ou mais
anos. Quanto mais velho o veículo, se não for dada a manutenção adequada, mais
ele polui”, explica Bernadete.

Veículos de passeio também podem se transformar em grandes vilões. O
aumento do número de carros nas ruas faz com que o trânsito não flua
adequadamente e trânsito parado significa mais gases que saem dos escapamentos.
Além disso, os carros precisam ser vistoriados com freqüência para garantir que
permaneçam emitindo menos poluentes.

… precisam de
engrenagens

“Precisamos diminuir o número de veículos que está rodando e usar
mais combustíveis limpos, como o álcool por exemplo. Outra questão está
relacionada à manutenção dos veículos”. Essas são as soluções apontadas por Elisete
Gomides, da Feam. Ano passado, a Feam lançou um Plano de Controle de Poluição
Veicular de Minas (PCPV), que estabelece diretrizes para gestão e controle da
emissão de poluentes por veículos automotores no estado.

A única proposta do Plano que já tem prazo para ser aplicada é a
inspeção veicular. Anualmente, no ato do licenciamento, o proprietário deverá
realizar uma inspeção do veículo para provar se ele está circulando de acordo
com as normas ambientais. Essa medida procura incentivar a manutenção do
sistema de escapamento dos carros. Elisete Gomides explica que a maioria dos
veículos novos saem de fábrica já regulados e emitindo poucos poluentes, mas, se
não for dada a manutenção, o sistema pode passar a emitir mais. Essa inspeção
deve se iniciar primeiro com veículos movidos a diesel, em 2012, mas já será
adotada com atraso em relação a outros estados.  “Minas Gerais é a segunda maior frota do país e até hoje não
tem inspeção veicular”, destaca Elisete.

Em BH, a inspeção já é feita pela Secretaria Municipal de Meio
Ambiente por meio de blitz em caráter punitivo. Em quatro pontos rotativos na
cidade, caminhões e ônibus são parados para verificação do sistema de
escapamento. Se não estiverem de acordo, podem ser multados e até retidos. A
Operação Oxigênio, como é chamada essa inspeção, pretende começar a avaliar as
condições de veículos movidos à gasolina nos próximos meses.

Mas, para cumprir as diretrizes do Plano, é preciso também investir
em outras frentes de atuação como mudanças no sistema de transporte que modifiquem
a matriz energética dos veículos e privilegiem o uso do transporte coletivo. Hoje,
dois terços dos carros que circulam em BH levam apenas um condutor. A maioria
das pessoas, assim que podem, compram um carro. E isso é justificável. “O
transporte coletivo de baixa qualidade não oferece nenhum estímulo para o
cidadão andar menos de carro”, explica Bernadete.

O novo tipo de transporte público pensado para Belo Horizonte – o BRT
(Bus Rapid Transit) – será implantado até 2014, mas a proposta dos BRTs é
apenas manter a proporção atual entre o número de pessoas que usam transportes
coletivos e individuais (veja mais na matéria Próxima parada, na edição 59 da
revista). Além disso, é preciso que esses novos ônibus comecem a adotar
combustíveis limpos. De acordo com Bernadete Gomes, vem sendo feitos testes com
vários tipos de combustíveis menos poluentes para que a frota de ônibus deixe
de usar combustíveis fósseis.

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