Projeto Manuelzão e parceiros ocuparam a entrada da Assembléia Legislativa em defesa dos rios de Minas

30/09/2015

Arte, dramatização e música chamaram a atenção de quem passou pela entrada principal da Assembleia, na manhã desta quarta-feira (30).

A manifestação que reuniu o Projeto
Manuelzão, Movimento pela Serra do Gandarela, Mata do Planalto, Fechos e CHB rio
das Velhas quis chamar a atenção para a grave situação dos rios brasileiros que
estão morrendo por falta de políticas públicas voltadas a preservação e revitalização
desses cursos d’água.


Integrantes do Manuelzão e Elane Nunes, Ong Ampara
Fantasiados
de rio e da Morte, estagiários do Manuelzão encenaram a perseguição da morte
aos rios e a defesa realizada pelos grupos e ONGs voltadas à causa que
limitados, sem estrutura e verbas não conseguem fazer muito para mudar a realidade.
“Estamos
aqui num pedido de socorro pelos rios”, disse o coordenador do Projeto Manuelzão,
Marcus Vinícius Polignano.

Para
ele, é preciso que todos se conscientizem de que o rio das Velhas, o
Doce, o São Francisco, entre outros rios brasileiros, precisam ser revitalizados
e a verdadeira demanda é um programa de gestão socioambiental. “É hora de
participarmos de fato das decisões sobre nossos rios e nossa terra. O Seminário
que hora é realizado é o momento para que todos possam se expressar e participar
das decisões governamentais. È necessário garantir políticas de Estado para que
as ações de recuperação de nascentes e rios não cessem”, disse.

O manifesto

Para
o compositor e artista, Geraldo Amâncio, que compôs uma música em homenagem ao
Rio das Velhas, a música é um forte meio de manifestação. “A arte é uma forma
de engajamento, vejo todo esse movimento como uma grande vitória da cidadania e
da busca pela conscientização das pessoas. Atualmente precisamos de mais ações
voltadas ao meio ambiente. Com minha música pretendo colaborar com esse
processo”, afirmou.

O
evento teve início às 8 horas da manhã e começou com a distribuição de panfletos.
Em seguida, o grupo de manifestantes, munido de banners e faixas cantaram
músicas de alerta. Integrante
da ONG Amigos de Paracatu (Ampara), Elane Nunes Alves, que também é agricultora
quis se envolver com a manifestação. Ela contou os problemas que sua comunidade
esta atravessando devido a exploração de um minério em sua região.

Segundo ela, muita gente tem adoecido por causa do
arsênio, um metal pesado liberado no processo de mineração. “Estou
aqui também para pedir melhorias e que nos ajudem na grave situação que temos
em nosso município com a contaminação de arsênio. Espero que olhem por nós”,
disse ao mostrar exames que atestam que ela e duas crianças estão com elevados
índices do metal no corpo. “Aqui quero lutar pelo meio ambiente e para que não poluam
mais nossa água e nosso solo”, revelou.

De acordo com especialistas, as consequências do metal
no organismo levantou até um debate entre cientistas do Brasil e do mundo. Para
alguns, os efeitos no metal liberado na mineração em Paracatu é responsável por
casos de câncer na cidade. Outros dizem que a concentração do produto é baixa e
não causa risco à saúde.

Diferenças
regionais
 

O consultor
da Agência Nacional de Águas (ANA), Francisco Lobato, por sua vez, apresentou
pontos de alguns relatórios sobre a crise hídrica produzidas pela entidade. Uma
das grandes questões salientadas por ele foi a impossibilidade de ter um
sistema único de gestão das águas que seja eficaz em um país com as dimensões
do Brasil. “Temos que levar em consideração as diferenças regionais, o que já
está previsto na Lei de Recursos Hídricos, que diz que deve haver adequações às
diversidades físicas, ecológicas e culturais”, disse.

IGAM

A
diretora-geral do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), Maria Fátima
Dias Coelho, apresentou alguns dados da gestão dos recursos hídricos no Estado.
Segundo ela, atualmente 56% das outorgas se destinam à irrigação, enquanto 22%
são para abastecimento público e 13% destinam-se ao consumo industrial, no qual
se inclui a mineração. A vazão total outorgada é, de acordo com ela, 236
m³/segundo. Um dos gargalos a serem resolvidos é o grande passivo de outorgas –
seriam 14 mil processos parados.

A representante do Igam falou, ainda, da
necessidade de dar mais importância do órgão na estrutura do Estado.
“Precisamos de uma remodelagem institucional, com investimentos em equipes
técnicas, em regionalização das atividades, em modernização de equipamentos”,
disse.

 

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