Projeto Manuelzão faz expedição aos locais da tragédia em Mariana

25/11/2015

População sem saber o que fazer, rios de lama, degradação de matas ciliares; imagens chocantes que traduzem a dimensão de uma das maiores tragédia ambientais do Brasil.

Diante da tragédia ambiental de
Mariana, devido ao rompimento da barragem da Samarco/Vale, ambientalistas e
pesquisadores do Projeto Manuelzão e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
estiveram em Rio Doce e Barra Longa, que fica a 60 km do rompimento para uma
expedição.


 
Os pesquisadores ficaram
impressionados com a proporção dos estragos ocasionados e com a dimensão da
tragédia. “Com certeza tudo isso levará anos para se recuperar. Precisamos
somar esforços e fazer com que políticas ambientais aconteçam nos afluentes do Rio
Doce, para recuperá-lo”, disse o coordenador do Projeto Manuelzão, Marcus
Vinícius Polignano.

A expedição

A expedição aos municípios e ao
encontro dos rios: Piranga e Carmo, com o Doce foi um ato solidário. “Estamos
acompanhados por 10 profissionais da geologia, biologia, geógrafos, engenheiros
ambientais e das ciências humanas. Com a expedição, pretendemos mapear a
situação. Recolher amostras da água e fazer análises” esclareceu Polignano ao
ressaltar que “O sedimento comprometeu o rio, as matas ciliares e os peixes. É
preciso agora focar a questão da água e buscar junto ao governo, sociedade e
Comitês a revitalização da Bacia Do Rio Doce”.

Durante a expedição, uma equipe
do Instituo de Geociências da UFMG coletou em vários pontos dos rios Carmo e
Gualacho, amostras da água para serem analisadas. Segundo o geógrafo, Wallace
Trindade, nelas serão analisadas a presença de metais pesados e parâmetros
físico-químicos.  “Os resultados devem
ser divulgados em duas semanas”, disse. 

Para a professora da UFMG, do
departamento e Botânica, Maria Rita Scotti Mussi, que também acompanhou a
diligência, o quadro é chocante. “É necessário fazer as análises das amostras, observar
o cenário e levantar o que preciso ser feito”, disse.

A expedição percorreu cerca de 145
km de Belo Horizonte a Barra Longa para observar a realidade da tragédia. Nos
rios Piranga, Carmo e Gualacho foram observados cerca de 10 km rio acima desde
o encontro do Piranga com o Carmo até o Gaualacho Norte. “A visão é de uma
total destruição de nossa Bacia. Precisamos focar nos afluentes que não foram
atingidos para melhorar e revitalizar o Doce” acrescentou o presidente da Bacia
Hidrográfica do Rio Piranga que acompanhou a expedição, Carlos Eduardo Silva.



Moradores ainda perdidos

Nos locais onde aconteceu a
tragédia, principalmente em Barra Longa, o que se viu foi uma cidade destruída
e ainda tentando se livrar do “mar de lama” que atingiu ruas e casas. O
trânsito de muitos caminhões pipas e de limpeza também revelaram a caótica
situação do centro da cidade.

“Estamos consternados com tudo
isso. Nossa história foi embora com a lama. Nossa pracinha, onde muitas vezes
levei meus filhos para brincar não existe mais, hoje só vemos um grande vazio”,
disse emocionada a dona de casa, Maria do Socorro Carneiro, de 54 anos, que
teve sua casa também invadida pela lama. “Não sabemos o que fazer. Estamos
aguardando quais serão as decisões tomadas pela empresa”.

Já o comerciante, Sidnei Siqueira
Gomes, que mora na entrada da cidade de Barra Longa, contava os prejuízos de
seu pequeno comércio e terras que possuía próximo ao rio. Moro aqui há 43 anos
e perder tudo assim é revoltante. Ele conta que eram duas da madrugada quando a
lama chegou invadindo tudo. “Parecia o fim do mundo”, disse. Muitos moradores
revelaram que não haviam sido avisados do rompimento e que a notícia chegou à
cidade através de parentes que moravam acima do município e também foram
atingidos. 

 

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