Proposta de barragem no rio Taquaraçu preocupa

13/04/2015

Ambientalistas defendem que estado de escassez hídrica também devia valer para bacia do rio das Velhas. “A possibilidade (da barragem no Taquaraçu), está na contramão daquilo que, de certo modo, tinha sido acordado”.

A forma como o governo de Minas Gerais vem
conduzindo a gestão dos recursos hídricos tem desagradado o setor ambiental no
Estado. Exemplo disso são algumas das obras previstas para solucionar a crise
de falta de água na região metropolitana de Belo Horizonte, como a construção
de um novo reservatório na bacia do rio das Velhas, a transposição das águas do
rio Paraopeba para o sistema rio Manso, além da criação da força-tarefa do
Sistema Estadual do Meio Ambiente (Sisema).

A Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa)
confirmou que estuda a viabilidade de explorar o rio Taquaraçu, afluente do
Velhas entre Santa Luzia e Taquaraçu de Minas, para reforçar o abastecimento de
água. No entanto, na avaliação do presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do
Rio das Velhas, Marcus Vinícius Polignano, uma barragem no Taquaraçu para
reserva de água é preocupante e pode levar a um equívoco no diagnóstico do
problema.

“Gerir o rio não é pensar em reservação, mas em
toda a complexidade desse organismo vivo. Esse afluente dá força e contribui
com a limpeza do Velhas,”, diz, lembrando que o Velhas, por sua vez, alimenta o
São Francisco. “O Taquaraçu é uma bacia de 31 km, e tem um território pequeno
para uma barragem de porte. Essa medida vai fazer com que fiquemos ainda mais
dependentes da chuva, muito específica naquela área, para ter um nível de
reservação capaz de alimentar a capital”, avalia o especialista.

Polignano critica ainda o fato de que o comitê não
foi procurado para participar dos estudos desse projeto da Copasa. Ele cita que
o governador Fernando Pimentel (PT) assinou junto aos comitês de bacia e outras
entidades um pacto pelas águas, prometendo um diálogo maior com os envolvidos
no problema. “Essa possibilidade (da barragem no Taquaraçu), está na contramão
daquilo que, de certo modo, tinha sido acordado”, lamentou.

Polignano questiona também por que não foi
decretada a escassez hídrica na bacia do rio das Velhas. Segundo ele, entre a
capital e Ouro Preto já deveria haver restrição de uso decretada, como no
sistema Paraopeba. “Temos de resolver o conflito de uso da água, porque existem
atividades econômicas e de abastecimento que tiram do rio mais do que ele pode
dar”. Em nota, o Igam informou que ainda não está previsto o decreto de
escassez hídrica no alto rio das Velhas.

Raio-X do Velhas

Municípios – 51 cidades são abastecidas pela bacia
do rio das Velhas

Outorgas – Existem 1.496 licenças vigentes, sendo
que, desse montante, 243 são para uso das águas superficiais e 1.252 para águas
subterrâneas

Captação – Belo Horizonte já retira desse trecho do
rio das Velhas cerca de 7 m³ por segundo de água

Abastecimento – Essa retirada corresponde a hoje a
60% do abastecimento da população de Belo Horizonte

 Fonte:
Comitê da Bacia

 Matéria publicada em 11/04/15

Repórter: ANGÉLICA DINIZ

ESPECIAL PARA O TEMPO

 

 

 

Página Inicial

Voltar