Raposos parou para receber caravana da Expedição

02/06/2017

Os expedicionários se reuniram no na praça principal para conversar com os presentes e ressaltar as belezas do rio, além de propor soluções para a preservação do Rio das Velhas.

A Expedição “Rio
das Velhas, te quero vivo” continua e ontem, quarta-feira (31/05), nossa equipe
partiu de Itabirito rumo à Rio Acima. Já nesta quinta-feira (01/06), o trecho percorrido
foi iniciado na praça principal de Rio Acima e finalizado em Raposos, com uma
parada em Honório Bicalho.

Itabirito – Rio Acima

Os canoístas
iniciaram a navegação próxima à foz do Rio Itabirito, onde se encontra com o
Rio das Velhas e percorreram cerca de 12km até a praça principal da cidade de
destino.

O percurso foi
iniciado por volta das 10 horas da manhã, em uma área de águas claras, com uma
pequena cachoeira à montante do local, que, por questões de segurança, não foi
navegada. Esta extensão do Velhas é extremamente preservada, com matas ciliares
primárias e águas caudalosas. Pouco antes de entrar na água, o integrante do
Projeto Manuelzão e canoísta, Ronald Guerra, meditou e saudou o rio. “Remar é
um momento de imersão e contemplação. Entrar no rio é uma escola de vida”,
disse.

Neste trecho,
pode-se perceber que Roninho sabe bem o que diz: a paisagem é capaz de nos
transportar para a natureza mais pura e rememorar a relação saudável entre
seres humanos e o meio ambiente. Algumas horas após o início da navegação, os
canoístas alcançaram o encontro do Rio do Peixe com o Velhas, onde há uma
enorme cachoeira de águas cristalinas, na qual os expedicionários se banharam.

Ao se
aproximarem da cidade de Rio Acima, foi perceptível a mudança na qualidade das
águas, que, apesar de preservadas, já contém esgoto, resíduos industriais e
lixo. “Sempre que nos aproximamos dos centros urbanos, começamos a sentir
cheiros e visualizar canos com esgoto sendo lançado in natura no rio”, conta o piscicultor e canoísta do Manuelzão,
Erick Sangiorgi.

A chegada dos
caiaqueiros foi um momento de alegria e descontração, no qual a população
observava e aclamava o final do trajeto. Os expedicionários se reuniram no na
praça principal para conversar com os presentes e ressaltar as belezas do rio,
além de propor soluções para a preservação do Rio das Velhas. 

Para finalizar o
dia, todos marcharam juntos para um abraço simbólico à Cachoeira do Sansa,
localizada no centro da cidade. A queda d’água tem cerca de 5 metros de altura
e poderia ser um ponto de lazer e turismo de Rio Acima, porém, suas águas são
poluídas e não balneáveis.

Mineração beira rio

Apesar da beleza
do local, o Rio Itabirito ainda sofre com ações antrópicas. A mina Vargem
Grande, localizada na cidade que dá nome ao curso d’água, bombeia cerca de 300
litros por segundo, reduzindo a vazão do manancial. Além disso, para a surpresa
dos canoístas, foi observada uma mineração de ouro no leito do rio, que, após a
fuga de um funcionário ao avistar os “visitantes”, foi constatada como
irregular.

 

Rio Acima – Raposos

Na manhã desta
quinta-feira (01), foi iniciado mais um dia de navegação, na qual os
expedicionários partiram da mesma praça em que desembarcaram no dia anterior.
Por se localizar em uma área urbana, o cuidado foi dobrado: os canoístas
vestiram roupas impermeáveis para evitar o contato com as águas poluídas.

Em um dos pontos
de descanso, o morador do bairro Santa Rita, em Rio Acima, Jean Carlo, contou
que esteve presente na Expedição Manuelzão 2003 e que se recorda das promessas
do prefeito da época. “Ele nos disse que havia recebido uma verba para expandir
a área de tratamento da ETE de Honório Bicalho, mas continuamos sem tratamento
de esgoto por aqui”, conta. Enfatiza ainda que, segundo rumores, esse mesmo
prefeito abriu um resort na cidade de Natal no período em que recebeu a
quantia.

O trajeto de
22km rendeu 8 horas de navegação, que, segundo os caiaqueiros, foi tranquila,
mas “mal cheirosa”. Durante o percurso, a parada mais significativa foi em Honório
Bicalho, onde há a captação da COPASA em Bela Fama. A Estação de Tratamento de
Água abastece cerca de 70% de Belo Horizonte e região metropolitana, sendo a
principal fornecedora hídrica da capital. Dados indicam que, apesar de inferior
à outorga, a unidade capta, em média, 7,7m³/s do Rio das Velhas, mais da metade
da vazão montante, que é de 13,6m³.

A chegada em
Raposos foi marcada para as 17 horas e mais uma vez os canoístas foram
recebidos com festa, que contou com um cortejo do Bloco Água Boa, da Casa de
Gentil – projeto cultural popular idealizado por um dos navegantes, Rafael
Gonçalves, morador e vereador da cidade. O prefeito e a vice prefeita estavam
presentes e conversaram com a equipe sobre a necessidade de projetos como esse
para garantir a conscientização da população e a preservação das águas.

Os caiaqueiros
bateram um papo com os espectadores e salientaram a possibilidade de
revitalização do Velhas. “Um dourado enorme pulou na nossa frente e nós vimos
um pescador na margem. O rio tem tudo para ser um local de divertimento e de
abastecimento para a população e esse peixe nos mostra isso”, disse Erick. 

 

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