Recuperação da biodiversidade e políticas públicas

27/10/2010

Em seu último dia, o Seminário Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável, realizado pela UFMG, discutiu recuperação da biodiversidade e políticas públicas para a área ambiental

Por Anna Cláudia Gomes,

Estudante de Comunicação Social da UFMG

 Na última sexta-feira (22), a Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG foi palco de duas discussões em torno da questão ambiental, trazendo a Professora Maria Rita Scotti, do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG (ICB), e o Dr. Roberto Messias Franco, ex-presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Tais conferências fecharam o último dia de debates no Seminário Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável, ocorrido nos dias 21 e 22 de outubro.

A Professora Maria Rita Scotti, que ministrou a palestra Recuperação da biodiversidade em áreas degradadas, iniciou parabenizando a riqueza de informações do evento, primeiro desse tipo ocorrido na UFMG. Retomando questões climáticas, a professora explicou que há quatro compartimentos principais de carbono no globo: oceanos, atmosfera, ecossistemas terrestres e formações geológicas, cada um chamado de “pool”. Para manter o estoque de carbono nos outros “pools”, retirando seu excesso da atmosfera, é previsto no Protocolo de Kyoto o chamado seqüestro de carbono, que tem como principal método o reflorestamento.

Para a recuperação de áreas degradadas, é preciso levar-se em conta as interações entre as próprias plantas. Com seu ciclo fechado, a planta devolve para solo biomassa, que decomposta, gera matéria orgânica, impedindo a erosão e assegurando a permeabilidade, a capacidade de retenção de água e a fertilidade do solo, tornando-o saudável e produtivo. A perda de biomassa resulta em CO2 e aproxima o solo da desertificação, perdendo sua estrutura, o que torna impossível a recuperação da vegetação nativa.

A Professora citou vários exemplos de recuperação, como a Mina de Brucutu e a mata ciliar do Rio Doce, mas merece destaque a recuperação da mata ciliar às margens do Rio das Velhas, que teve apoio do Projeto Manuelzão. As intervenções antrópicas ao longo do Velhas causaram erosão, perda da estrutura do solo, assoreamento, entre outros danos. A reabilitação se deu através de contenção física e reconstrução da mata ciliar.

O segundo convidado da tarde, ministrante da palestra Biodiversidade e políticas públicas no Brasil, foi o Dr. Roberto Messias Franco. O ex-presidente do IBAMA afirmou que todas as políticas públicas têm a ver com biodiversidade, mas que o Brasil é um país sem visão de futuro, nos falta planejamento. De acordo com ele, o planejamento ambiental  deve ter três pilares: Política Ambiental, que depende da conscientização e mobilização popular e política, e tem como instrumento a Legislação; Gestão Ambiental, baseada no planejamento de ações, levantamento de dados e organização; e Ciências do Ambiente, ou seja, pesquisa, busca de novos métodos e tecnologias.

Uma das áreas mais conflituosas das políticas públicas é a do Licenciamento, que depende de questões éticas e do interesse coletivo nacional. Esse processo melhora os projetos no sentido de minimizar os impactos causados. O palestrante, que também é ex-professor da UFMG, terminou a conferência com uma frase de efeito: “a educação torna um país fácil de governar, difícil de dominar, impossível de escravizar”.

 

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