15/09/2025
Estima-se que, desde semana passada, mais de 10 mil peixes tenham morrido ao longo da bacia
O Rio Paraopeba tem sofrido, desde o último dia 6, uma mortandade em massa de peixes de diversas espécies, segundo denúncias de moradores e pescadores. Já foram registrados mais de 4 mil peixes mortos ao longo dos 17 quilômetros do rio, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
A suspeita é de que um produto químico tenha sido lançado no rio, em direção ao Rio Betim. Os primeiros peixes mortos foram registrados na altura do município de Juatuba e na última quarta-feira, 10, centenas de peixes apareceram mortos às margens do rio na cidade de Esmeraldas.
“Estamos transformando rios em rios mortos”, alerta o professor Marcus Vinícius Polignano, coordenador do Projeto Manuelzão. Mesmo com as causas ainda desconhecidas, especialistas e moradores ribeirinhos expressam preocupação ao constatar mortes de espécies em risco de extinção, conhecidas por se adaptarem a ambientes já degradados, como a piranha, o pacamã e o surubim.
Para o biólogo do Projeto Manuelzão, Carlos Bernardo Mascarenhas, o episódio é resultado da ineficácia na elaboração de políticas públicas para revitalização do rio, já que a mortandade de peixes no Paraopeba é um fenômeno conhecido, sobretudo após o período de chuva, o que não foi o caso dessa vez.
“Apesar da mortandade ser o ápice da degradação, na verdade, esse é um claro sinal do enorme potencial para a revitalização da bacia hidrográfica do rio Paraopeba. Os peixes ainda resistem, mesmo com o tamanho descaso com a causa ambiental”, ressalta o pesquisador. “Para isso, é necessária a efetiva ação das prefeituras, da Copasa e outras empresas de saneamento da região, das indústrias, a coleta e disposição adequada do lixo, e que os demais envolvidos façam a sua parte”.
A mortandade ocorre em um momento em que a reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, em 2019, ainda não apresenta avanços significativos para a recuperação do Rio Paraopeba.
Equipes do Comitê de Bacias Hidrográficas (CBH) do Rio Paraopeba e do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) fizeram coletas emergenciais para análises, que devem estar disponíveis em até 10 dias. O Instituto Nacional de Florestas (IEF), a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) e a Polícia Militar do Meio Ambiente também acompanham a situação.
A estimativa do CBH Paraopeba é de que mais de 10 mil peixes tenham morrido no episódio. Ao longo da semana, equipes de resgate retiraram pelo menos 4,5 mil animais mortos. Segundo as autoridades, foi praticamente descartada a possibilidade de contaminação com resquícios da barragem de Brumadinho e com grandes indústrias da região.