20/01/2014
Não adianta revitalizar um rio se uma cultura de destruição e descaso com relação ao meio ambiente é mantida.
Experiências de países europeus,
como a França (Rio Sena), mostram que a revitalização dos cursos d’água é a
forma mais eficiente de permitir que ele integre o ambiente de maneira
harmônica. O ciclo hidrológico é restabelecido, as plantas e animais voltam a
habitar os cursos d’água e suas proximidades, nadar e pescar passam a ser
atividades possíveis, o esgoto deixa o córrego.
O livro “Revitalização de rios no mundo”, idealizado pelo
Projeto Manuelzão, é uma boa pedida de leitura para quem quer se aprofundar nas
questões de revitalização. Composto de anais de dois seminários internacionais sobre
o tema, o livro é um produto da transcrição das oratórias dos palestrantes
gravadas durante o evento, realizado em 2008 e 2010, em Belo Horizonte. O
objetivo, segundo organizadores, é através de exemplos exitosos exibidos,
estimular ações para a conservação, revitalização e recuperação dos rios, fonte
de vida do planeta Terra.
“Revitalizados, os
rios e córregos podem, inclusive, ser aproveitados como áreas de recreação e
lazer. Fica provado que reconhecer que os cursos d’água são fonte de vida, e
não depósitos de lixo e esgoto, e agir de acordo com esse pensamento é garantia
de uma melhor qualidade de vida”, esclarecem coordenadores do Projeto Manuelzão.
Mas a revitalização só é possível com investimento em
saneamento básico. Para tanto, a instalação de interceptores, que são canos que
impedem que o esgoto caia nas águas dos córregos e rios, faz-se necessária. Com
os interceptores, o esgoto é conduzido a estações de tratamento e a água,
limpa, volta ao curso d’água.
Rio Cheonggyecheon, em Seul, na Coréia do Sul, após ser recuperado pela prefeituraOutras medidas necessárias à revitalização dos córregos e
rios são o combate a erosões, o plantio de vegetação nas margens dos cursos
d’água, assim como a remoção das famílias dos locais suscetíveis a inundação. É
também preciso resguardar a área de inundação natural do rio, evitando que, na
época das cheias, a população corra o risco de ter suas casas invadidas pela
água.
Para especialistas, é preciso avançar e conscientizar
gestores e autoridades que a educação ambiental
e a consciência ecológica também devem ser trabalhadas. “Não adianta
revitalizar um rio se uma cultura de destruição e descaso com relação ao meio
ambiente é mantida”, alertaram.
O Projeto Manuelzão já tem conquistado algumas vitórias
nesse sentido. Muitos Núcleos Manuelzão foram formados em função desse debate
pela revitalização e já se percebe uma mudança de mentalidade das
comunidades.