05/08/2021
Manancial está em alerta na altura da captação da Copasa, em Honório Bicalho, Nova Lima. Esse é o último estágio antes da suspensão do uso da água do Velhas
[Matéria publicada pelo Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, no dia 03 de agosto.]
As águas do Rio das Velhas sempre foram parte importante da paisagem mineira. Mas a queda na vazão preocupa. O manancial entrou em estado de alerta na região de Honório Bicalho, distrito de Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde a Copasa capta água para abastecimento da Grande BH. A situação de alerta foi declarada pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas), por meio de nota, emitida no dia 28 de julho, devido às baixas vazões registradas.
Para considerar o estado de alerta, último estágio antes da necessidade obrigatória de restrição de uso da água, o CBH Rio das Velhas sinaliza que a vazão média do manancial nas últimas duas semanas tem sido abaixo de 10,4 m3/s, volume mínimo considerado seguro para o rio e após a captação da Copasa para abastecimento, a vazão residual ficou com média semanal de 3,61 m3/s. No dia 31 de julho, a vazão chegou a 9,5 m3/s.
Segundo a Deliberação Normativa 49 de março de 2015, do Conselho Estadual dos Recursos Hídricos (CERH), sempre que a vazão de um curso d’água monitorado no estado ficar abaixo do valor médio mínimo dos últimos 10 anos (índice chamado de Q7,10) durante um período de sete dias seguidos, o manancial entra em estado de alerta.
Se esses valores reduzirem ainda mais, passando de 70% da Q7,10 e se repetirem nesse patamar por mais sete dias consecutivos, o rio entra em estado de restrição de uso. Nesse caso, será necessário reduzir, de forma obrigatória, o uso da água, de acordo com os tipos de consumo.
Para evitar que a situação piore e chegue ao racionamento, o Comitê informa que tem adotado medidas em parceria com a Copasa, Cemig, Vale e AngloGold, por meio do Grupo de Controle de Vazão do Alto Rio das Velhas (CONVAZÃO), visando a regularização das vazões, objetivando o direito de acesso de todos aos recursos hídricos, com prioridade para o abastecimento público e a manutenção dos seus ecossistemas. “Temos acompanhado de forma sistemática a situação das vazões do Rio das Velhas e o cenário atual vem se mostrando pior em relação aos últimos anos. O problema não é apenas falta de chuva, mas também de perda de resiliência do rio”, afirmou o secretário do CBH Rio das Velhas, Marcus Vinícius Polignano.
O secretário do Comitê esclareceu também que o CONVAZÃO articula uma pactuação junto aos usuários que possuem reservatórios no Alto Rio das Velhas. “A ideia é implementar um sistema integrado de gestão de vazões de contribuição que serve de aporte para regularização do rio nos períodos de maior estiagem, com a finalidade de manutenção da vazão em Bela Fama em um patamar acima da Q7,10”, disse Polignano.
A presidente do CBH Rio das Velhas, Poliana Valgas, ressalta que outro problema associado à escassez hídrica é a necessidade de aprimoramento e ampliação do sistema de tratamento de esgoto na bacia. “Com baixa vazão, o Rio das Velhas perde sua capacidade de suporte em relação à diluição da carga poluidora lançada, gerando outro grande impacto por meio da eutrofização e proliferação de cianobactérias no seu médio e baixo curso, ocasionando a infestação de macrófitas aquáticas [plantas aquática que podem ser vistas a olho nu] neste trecho, até o encontro com rio São Francisco”, destacou.
Poliana Valgas destaca sobre a gravidade nas vazões do Rio das Velhas. “A escassez hídrica tem grandes impactos na segurança hídrica e na vida aquática ao longo da bacia. Por isso, buscamos mobilizar e conscientizar a sociedade para um uso mais consciente e eficiente da água neste momento e solicitamos aos usuários a diminuição da retirada de água para os usos não essenciais”, afirmou.
[Com Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas: TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social. Texto: Luiza Baggio. Fotos: Bianca Aun.]