Rio das Velhas já está em estado de restrição

31/08/2015

Situação do rio das Velhas preocupa. Informações dão conta que o rio já está em estado de restrição. Igam publicará decreto solicitando redução da retirada de água na região. Na foto, tirada recentemente, o rio das Velhas em Sabará, sua baixa vazão demonstra a precariedade do curso d’água.

O rio das Velhas, no trecho monitorado pela estação
Santo Hipólito, entrou em Estado de Restrição de Uso, alerta máximo dado pelo
Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), que obriga os usuários da água a
reduzir a retirada para consumo humano, irrigação e uso industrial. Mais grave
que a restrição do uso é o desastre que a baixa vazão no Velhas tem provocado
na região de Santo Hipólito, onde já acontece a proliferação das cianobactérias
tóxicas, segundo informou o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica da Bacia
do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas), Marcus Vinícius Polignano.

“A baixa vazão do rio, que provocou a restrição,
piorou e muito a qualidade das águas do Velhas. As cianobactérias estão se
espalhando pela bacia, o que inviabiliza o uso da água para qualquer fim”,
alertou.

As cianobactérias produzem e liberam substâncias
tóxicas, que podem provocar envenenamento de animais que dividem o mesmo
ambiente, atingindo toda a cadeia alimentar, ou contaminar a água potável,
provocando doenças em seres humanos. Muitos dos elementos prejudiciais que
produzem não podem ser eliminados pelo processo de fervura da água nem por
métodos tradicionais usados em estações de tratamento.

“O Velhas está com baixa capacidade de diluição, o
que compromete toda a sua vida aquática até o rio São Francisco. As espécies e
a própria vitalidade do rio das Velhas estão ameaçadas”, ressaltou Polignano.

O trecho em restrição atinge os municípios de
Curvelo, Cordisburgo, Inimutaba, Santo Hipólito, Presidente Juscelino e Santana
de Pirapama. Nos últimos sete dias monitorados por estações da Agência Nacional
das Águas (ANA), a vazão chegou por sete dias consecutivos a 29,9 metros
cúbicos por segundo (m³/s), 70% abaixo do nível mais baixo medido nos últimos
10 anos (Q7,10). A Q7,10 no trecho é de 45,5 m³/s.

A Gerência de Monitoramento Hidrometeorológico e
Eventos Críticos do Igam já encaminhou à sua área responsável o pedido para
publicação do decreto que determina a restrição para outorgados.

Honório
Bicalho preocupa Comitê

Na porção hidrográfica do rio das Velhas em que foi
decretada a escassez hídrica, as licenças para uso da água não atingem tanto o
consumo humano, segundo o presidente do CBH do Rio das Velhas, Marcus Vinícius
Polignano. Ele afirmou que o abastecimento humano é mais preocupante na Estação
Honório Bicalho, em Nova Lima, de onde sai 60% da água que abastece Belo
Horizonte.


O monitoramento do Igam mostra que a vazão está
entre 11 e 12 m³/s, bem próximo de atingir o menor nível dos últimos 10 anos
(Q7,10) que é de 10,25 m³/s. Hoje, na Estação Honório Bicalho a classificação é
Estado de Alerta.

“Hoje, são retiradas do trecho 7,5 m³/s de água,
sendo 6,5 m³/s só pela Copasa. Isso é muito mais do que o rio pode suportar. As
autoridades precisam entender que a crise não é de abastecimento, a crise está
nos rios”, defendeu. Polignano frisou que há muito tempo a bacia sofre com a
falta de gestão. Os baixos níveis do rio das Velhas comprometem o rio São
Francisco em todo seu deslocamento até o mar, assegurou.

O ambientalista também se posicionou contra a
decisão da construção de um reservatório no rio das Velhas, para garantir
abastecimento da Grande BH. Ainda este mês, o anúncio foi feito pelo governo de
Minas. “O rio está sofrendo, dando sinais de piora. Ele precisa é produzir
água” finalizou.

 

Reportagem: Angélica Diniz – Matéria veiculada no jornal O
Tempo – Publicado em 28/08/15 – 03h00

Fotos: rio das Velhas em Várzea da Palma 2014

Capa: foto rio das Velhas em Sabará 2015

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