23/08/2017
A situação merece atenção por parte de todos os atores da bacia, pois estamos apenas iniciando o período de estiagem. A preocupação está no possível colapso da situação hídrica e do abastecimento da RMBH num curto prazo.
Nas últimas semanas, a vazão do Rio
das Velhas no ponto de captação da Copasa (Companhia de Saneamento de Minas
Gerais) – na ETA (Estação de Tratamento de Água) de Bela Fama, responsável pelo
abastecimento de cerca de 60% da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH)
– registrou níveis críticos. Neste período, por duas vezes a vazão esteve
abaixo dos 10m³/s.
Com registros nesta ordem, a vazão foi inferior,
portanto, ao chamado Q7,10 – coeficiente adotado como referência para concessão
das outorgas e também para definição da situação hídrica no Estado,
considerando a vazão mínima de sete dias consecutivos com período de
recorrência de 10 anos.
De acordo com a Deliberação Normativa n° 49 de 2015
do Conselho Estadual de Recursos Hídricos, estar abaixo do Q7,10 significa
entrar em estado de alerta, em que o risco de escassez hídrica, que antecede ao
estado de restrição de uso, pode implicar em restrições de uso para captações
de águas superficiais e no qual o usuário de recursos hídricos deverá tomar
medidas de atenção e se atentar às eventuais alterações do respectivo estado de
vazões.
À jusante do ponto de captação, o cenário é ainda
pior, já que a ETA Bela Fama consome 6,5 m³/s de água para abastecimento da
RMBH, deixando o Rio das Velhas em estado verdadeiramente crítico, em trecho
onde o lançamento de esgoto, especialmente dos municípios de Nova Lima e
Sabará, apenas agrava ainda mais a situação.
De acordo com o presidente do Comitê da Bacia
Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas), Marcus Vinícius Polignano,
a situação merece atenção por parte de todos os atores da bacia. “Estamos apenas
iniciando o período de estiagem e o cenário já é este. Se não quisermos
vivenciar um colapso da situação hídrica e do abastecimento da RMBH num curto
prazo, é preciso que todos os atores revejam os modos sobre como estamos utilizando
a nossa água e também os locais que abastecem nossos mananciais”, disse.
O CBH Velhas vem adotando uma série de medidas para
enfrentar a crise e evitar a escassez.
Criou um Grupo de Vazão (CONVAZÂO) para discutir
com usuários Copasa, Mineradoras, Cemig e sociedade como melhorar o aporte de
água na bacia e a redução da demanda. Assim foi definido que será utilizado o
gerenciamento de integrado de reservatórios do Sistema Rio de Peixes operado
pela Anglo e o Sistema de Rio Pedras da Cemig para aportar volumes maiores de
água. Está sendo pactuado uma redução na captação de água pelas mineradoras
para diminuir a demanda pela uso da água. È importante também a participação da
população fazendo um consumo mais racional da água evitando desperdícios e usos
abusivos. È fundamental também a Copasa trabalhar na redução de perda de água.
Velho
Chico também sofre
Também nesta semana, o Rio São Francisco, onde o
Rio das Velhas deságua, registrou a sua menor vazão em 38 anos. Com isso, a Agência
Nacional de Águas (ANA) autorizou um novo corte na sua vazão, com o objetivo de
evitar que os reservatórios ao longo do Rio São Francisco cheguem ao volume
morto até o fim de 2017. Se a vazão continuar sendo reduzida, poderá acontecer
o que os especialistas chamam de efeito cascata: geração de energia
comprometida, barcos de médio porte não poderão navegar e até a irrigação
poderá ser suspensa, comprometendo toda a economia ribeirinha.