Se não chover, Rio São Francisco corre risco de ficar seco em um mês

18/09/2014

Lago de Três Marias está perto de atingir nível mínimo e rio pode deixar de correr num trecho de 40 quilômetros

A baixa incidência de chuvas ao
longo do Rio São Francisco pode criar um cenário de deserto depois da represa
de Três Marias. Segundo a secretária nacional do Comitê da Bacia Hidrográfica
do São Francisco (CBHSF) e coordenadora-geral do Consórcio Municípios do Lago
de Três Marias, Sílvia Freedman, a “previsão catastrófica” é que se criem 40
quilômetros de rio seco nas próximas semanas devido à baixa vazão do rio.
Segundo cálculos da entidade, até 15 de outubro o volume útil deve atingir 0%. 

A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) tem cálculos diferentes
das entidades que atuam na represa de Três Marias e no São Francisco. “A
previsão é de que o reservatório atinja 3% no fim de outubro, quando, a partir
de então, se esperam o início das chuvas que poderão promover o reenchimento”,
diz a estatal em nota. A empresa admite, no entanto, que a vazão afluente dos
rios que abastecem suas represas está no pior nível desde 1931.

“O rio vai parar de correr. Vamos ter só poças d’água”, afirma Sílvia
sobre o trecho entre Três Marias e a foz do Rio Abaeté. Ela explica que em
reuniões intersetoriais para discutir o que fazer com o rio o Operador Nacional
do Sistema Elétrico (ONS) afirmou que depois que atingir 3% do nível da represa
não terá mais água correndo para as cidades ribeirinhas localizadas a jusante
da represa. Atualmente, a represa recebe 14 metros cúbicos por segundo e libera
150 metros cúbicos por segundo. 

A consequência é dramática para as cidades que dependem da água para
abastecimento e também para atividades econômicas. Entre os afetados está o
projeto Jaíba, no Norte de Minas. Lá, novos plantios estão suspensos até o
aumento do volume do rio. Em Pirapora, o navio a vapor Benjamim Guimarães parou
de navegar. Sílvia Freedman afirma que os municípios situados antes da barragem
não terão agravamento da situação, já crítica, porque depois que zerar o volume
útil a represa ainda tem 4,5 milhões de metros cúbicos. “Estamos monitorando
constantemente com os institutos de pesquisa a previsão de chuva, mas as
indicações não são boas”, diz ela.

Vazão
baixa

A
vazão afluente dos rios nas represas da Cemig está entre as piores da série
histórica iniciada em 1931. Em junho e julho, as usinas de Camargos e Nova
Ponte registraram a menor entrada de água nos reservatórios em 83 anos,
enquanto em Três Marias e Irapé o período foi o segundo pior da história. A
insuficiência de água obriga a empresa a reduzir o nível operacional, além de
gerar conflito entre a companhia e comunidades ribeirinhas a jusante das
represas devido ao baixo nível de água liberado.

Segundo
números da Cemig, o nível de armazenamento das usinas é de 9,37% em Camargos,
6,43% em Três Marias, 46,22% em Irapé e 19,44% em Nova Ponte. A empresa alega
que a quantidade de água que chega nos reservatórios está entre as mais baixas
desde 1931, o que logo justifica o volume reduzido que é liberado. “É fato que
estamos atravessando um dos piores registros de vazão nas principais bacias do
Sudeste”, diz nota da companhia.

 

Matéria
publicada no jornal Estado de Minas por: Pedro Rocha Franco

Publicação: 16/09/2014 06:00 Atualização: 16/09/2014 06:48

 

 

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