Sem trégua

04/01/2012

Medidas adotadas em Minas não estão sendo suficientes para evitar estragos no período chuvoso

De acordo com balanço divulgado pela Defesa Civil na última terça, dia 03, cinco mortos,  32 feridos, 9.365 desalojados, 404 desabrigados, 2.420 casas danificadas, 84 casas destruídas, 71 pontes danificadas e outras 75 destruídas são as consequências do período chuvoso no estado. Já são 53 as cidades em estado de emergência em Minas por causa das chuvas. Dentre elas estão Belo Horizonte, Itabirito, Raposos e Vespasiano, que pertecem à Bacia do Rio das Velhas. Na segunda, dia 2, o Velhas transbordou em Sabará, alagando ruas e casas.

Em dezembro de 2011, segundo o Instituto Minas Tempo, o índice registrado em Belo Horizonte foi de 792,6 mm, o maior desde 1910, quando as medições foram iniciadas. A média esperada para o mês era de 319 mm. Já nos dois primeiros dias de 2012, a precipitação foi de 148 mm, o equivalente a 50% do valor esperado para todo mês de janeiro. Nesta terça, estiou na capital após 58 horas ininterruptas de chuva. Entretanto, a previsão é de mais temporais.

Como lidar?

Muito dinheiro foi destinado para a recuperação dos municípios mineiros e prevenção de novas enchentes após o último período de chuvas: R$ 50 milhões pelo governo federal e R$ 20 milhões pelo governo estadual. De acordo com o governador Antônio Anastasia, o governo está trabalhando em soluções para contenção de enchentes e dragagem de rios. Essas medidas, porém, não estão sendo eficientes na solução dos problemas trazidos pela chuva.

Não se pode ignorar as características naturais dos cursos d’água. As ações que estão sendo adotadas apenas mascaram os problemas que surgiram com as canalizações dos rios. Sem obstáculos naturais, os cursos d’água correm mais rápido. Pode-se até evitar inundações em um trecho, mas a água chegará com uma velocidade bem maior mais à frente, o que aumenta a possibilidade de destruição. Com o leito de rios e córregos revestido por materiais impermeáveis, a água não infiltra no solo. Ela fica retida na superfície, provocando inundações nas áreas mais baixas.

Para o coordenador do Projeto Manuelzão, Marcus Vinícius Polignano, é  necessário tomar atitudes como proibir novas canalizações, fazer “descanalizações” para que os cursos d´água possam correr em leito natural e aumentar a permeabilidade do solo. Além disso, também é importante garantir a preservação das cabeceiras dos cursos d´água, aumentar as áreas verdes em pontos estratégicos na cidade e “descimentar” fundos de quintais de áreas públicas.

 


Rio das Velhas subiu cerca de 5 metros em Sabará. (Foto:Charles Duarte/O Tempo)

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