Seminário de Revitalização de Rios – Rios de cara nova

11/05/2010

Seminário reúne experiências de cursos d`água que foram revitalizados

Quando se falou em recuperar os rios, foram só aplausos. Quando o assunto é nadar no trecho do Rio das Velhas em Santa Luzia ou na Lagoa da Pampulha, olhos desconfiados e umas poucas risadas. Foi assim que começou o II Seminário Internacional de Revitalização de Rios ontem, dia 10, no Minascentro.

Por que recuperar um curso d`água ainda parece loucura? Muita gente só conheceu os rios depois de mortos: debaixo do asfalto ou como esgoto a céu aberto. A história do Velhas começou a mudar com o surgimento da Meta 2010 – navegar, pescar e nadar no trecho mais poluído do Rio – que foi incorporada pelo governo de Minas. Já foi um bocado de obras e milhões de reais investidos. E ainda falta muita coisa.

A principal proposta do Seminário de Revitalização de Rios é discutir esses projetos que recuperam cursos d`água, finalizados ou em andamento, feitos em vários lugares do mundo. Entre 10 e 12 de maio, serão compartilhados aspectos de gestão, tecnologias e sensibilização ambiental envolvidos nestas experiências.

O idealizador da Meta 2010, Apolo Heringer, elogiou o trabalho do governo estadual para a revitalização do Velhas e também cobrou a continuidade das medidas. Por enquanto, certo mesmo é o mergulho, confirmado para o dia 19 do mês que vem. Não em Santa Luzia, como prometido. Mais lá em cima, em Santo Hipólito, Apolo e o ex-governador Aécio Neves  vão conferir se o Velhas melhorou ou não lá dentro d`água.

Pra início de conversa

Kinga Krausa apresentou o Projeto Switch, iniciativa de transdisciplinalidade na Europa     Foto: Renato Cobucci/ Secom MG
Kinga Krausa apresentou o Projeto Switch, iniciativa de transdisciplinalidade na Europa Foto: Renato Cobucci/ Secom MG
Seguindo o momento de abertura, a polonesa Kinga Krauze, da Universidade de Lodz, na Polônia. Ela falou sobre o Projeto Switch, que é um projeto transdisciplinar de estudo que quer provocar mudança de paradigmas quanto à gestão das águas, buscando um uso da água sustentável e integrado com o meio ambiente, de forma a inseri-lo no ambiente urbano.

Inicialmente, ela apresentou Lodz, cidade no centro da Polônia de 800 mil habitantes. Ao partir dessa cidade, o projeto viu como principais dificuldades na cidade as enchentes, pouca água disponível, degradação do patrimônio e desenvolvimento do território muito rápido. Por outro lado, a cidade tinha, como pontos que poderiam ser aproveitados para essa mudança, sua cultura, arquitetura, a natureza rica do lugar e a tendência de diminuição da população.

A partir de estudos feitos pelo Switch, foram pensadas alternativas para a cidade, de forma que essa integração entre água, biodiversidade e espaço urbano estivesse mais presente no dia a dia das pessoas. Ideias interessantes, como aproveitar os jardins para criar áreas verdes, que alem de possibilitar a infiltração da água, aumentando a sensibilização ecológica dos moradores. Outra delas são os transportes verdes, como a implantação de ciclovias ao longo da cidade, juntamente com a revitalização de quarteirões e parques . Mais uma proposta que dialoga bastante com a situação de Belo Horizonte, e que foi bastante aplaudida, é a descanalização dos rios, trazendo-os para a paisagem das cidades, de forma que a população possa aproveitá-lo.

Ela concluiu sua fala com uma dica para qualquer projeto. O primeiro passo deve ser uma reflexão acerca do que está errado no presente, para depois se pensar no futuro. Perceber quais as dificuldades e limitações de quem está implicado naquilo e usá-las como ponto de partida para o trabalho.

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