Serra do Gandarela: caixa d’água da região metropolitana

28/04/2014

Em decisão histórica, a cidade de Rio Acima tombou a Serra do Gandarela como Patrimônio Histórico, Arqueológico, Paisagístico e Cultural, garantindo 40% da água que é consumida na RMBH.

“Gandarela continue serena, você e seu filho Ribeirão da
Prata estão sendo salvos”


Descerramento da placa
Cerca de 40% da
água consumida em Belo Horizonte vem da Serra do Gandarela. A constatação reforça
a preservação do local e traz um alerta importante para que a serra seja
protegida para que a capital mineira não passe por problemas como os que
acontecem em São Paulo.

Vencendo desafios
e com o apoio da população, o prefeito de rio Acima, Antônio Pires de Miranda
Júnior, no dia 26 de abril, entre paredões e montanhas da Mata Atlântica oficializou
o tombamento municipal da parte da Serra do Gandarela inserida no município. Com
o ato, o prefeito pretende conquistar aliados para a proteção do Gandarela e
acelerar o processo de criação do Parque Nacional na região, barrando o assédio
de mineradoras pela área. A medida vem de encontro aos apelos da sociedade
local e mineira que vê na serra, um santuário ambiental que deve ser preservado
para esta e futuras gerações. A Serra abraça oito cidades: Rio Acima,
Raposos, Caeté, Barão de Cocais, Santa Bárbara, Ouro Preto, Itabirito e Nova
Lima.  

A medida impactará
as pretensões da Vale de implantar na área da serra o projeto Apolo, que prevê
aporte de R$ 4 bilhões para uma mina com potencial para 24 milhões de toneladas
de minério de ferro ao ano.

O projeto Apolo,
antiga mina Maquiné-Baú, é estudado pela Vale pelo menos desde 2007, quando
começou a ser citado nos balanços da companhia, ainda sem aprovação do Conselho
de Administração. Em 2011, pela primeira vez um balanço trouxe a previsão de início
dos investimentos, com R$ 377 milhões destinados ao plano. O projeto abrange
Rio Acima, Santa Bárbara, Caeté, Raposos e Nova Lima. A Vale informou, por meio
de nota, à imprensa que está
avaliando os impactos da decisão municipal.

Plano de criação
do Parque do Gandarela
Coordenador do Projeto Manuelzão, Marcus Polignano e autoridades durante descerramento.

O Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) apresentou o plano de criação
do Parque Nacional da Serra do Gandarela, que, além dos cinco municípios que
receberiam o projeto Apolo, ainda engloba Barão de Cocais, Itabirito e Ouro
Preto. As partes negociaram visando conciliar os interesses e viabilizar os
dois empreendimentos, porém não houve acordo. Enquanto o licenciamento
ambiental da mina está paralisado, a criação do Parque é analisada no
Ministério de Meio Ambiente.

“Rio Acima saiu
na frente e deu exemplo para os outros municípios”, revelam ambientalistas do
Movimento pela Serra do Gandarela. Para eles, um passo fundamental para a
proteção do local e um momento único na história de Minas e do Brasil. “Com o
tombamento poderemos agilizar a provação do parque”, comemoraram ao revelar que
foram muitas as lutas e audiências em prol do Gandarela.

Para o
coordenador do Projeto Manuelzão, Marcus Vinícius Polignano, é preciso que
todos tenham serenidade. “A visão da serra nos dá serenidade. Gostaríamos que o
meio ambiente falasse mais alto para que a sociedade pudesse ser sustentável,
criando territórios sustentáveis como esse em que estamos”, disse ao ressaltar
que a atitude de Rio Acima deve ser exemplo. “Precisamos de políticos que não pensem
apenas em mandatos, mas em iniciativas de futuro e decisões mais favoráveis à sociedade”.
    

O prefeito de Rio
Acima convocou os administradores municipais das cidades onde se pretende criar
o Parque Nacional da Serra do Gandarela a tomarem a mesma medida. “Nossa
atitude hoje será sentido pelas futuras gerações. Foram muitos os emails me
parabenizando pelo ato, mas também muitos questionando nossa posição. Meu compromisso
é com a sociedade. A serra deve ser preservada pelos valores que aqui já
existem.”  
 
 

 

 

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