26/04/2023
Em nota, servidores repudiam presença da secretária Marília Carvalho de Melo em posse da Associação de Mineradoras de Ferro (AMF), cujo presidente é réu por extração ilegal
Servidores do Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema), em nota divulgada nesta terça-feira, 25, questionaram a proximidade da secretária estadual de Meio Ambiente, Marília Carvalho de Melo, de integrantes e defensores dos interesses do setor minerário. Um dia antes, Marília participou do evento que inaugurou e empossou os membros da Associação de Mineradoras de Ferro do Brasil (AMF), cujo presidente, o ex-deputado João Alberto Paixão Lages, é réu na Justiça Federal por extração ilegal de minério na Serra do Curral e sócio apontado como verdadeiro proprietário da Gute Sicht.
A Gute Sicht, é ressaltado em trecho do texto, obteve consecutivos Termos de Ajustamento de Conduta (TACs) junto à Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad), chefiada por Marília, mesmo após a mineradora descumprir compromissos anteriores e ser autuada por diversos crimes ambientais, inclusive em área tombada da Serra do Curral. O TAC é um dispositivo precário capaz de regularizar ambientalmente, em caráter provisório, a operação de uma empresa que não conseguiu o licenciamento ambiental, instrumento que determina a realização de estudos de impacto, a discussão com comunidades afetadas e uma série de outras responsabilidades legais.
Uma denúncia enviada em setembro do ano passado ao procurador-geral de Justiça de Minas Gerais por gabinetes parlamentares e organizações ambientalistas, uma delas o Projeto Manuelzão, também apontou um esquema de favorecimento à Gute Sicht, liderado pelo ex-superintendente de meio ambiente da Central Metropolitana, Charles Soares de Souza, nomeado para o cargo pela base de apoio do governo estadual. Segundo reportagem de Allan Abreu para a Revista Piauí, o deputado estadual Noraldino Júnior (PSC) estaria por trás da indicação.
Apontando uma série de outras relações e posturas questionáveis da secretária de meio ambiente, os servidores afirmam que Marília “parece mesmo não se importar com as graves e constantes denúncias que pesam contra ela. Apesar de ser constantemente apontada como incondicional apoiadora da FIEMG e do setor minerário, em detrimento de grupos originários da sociedade civil, não faz questão de ‘camuflar’ ou tentar disfarçar suas predileções”.