30/03/2024
Na Semana da Água, representantes do poder público e da comunidade debateram problemas de saneamento e soluções para o local
O Projeto Manuelzão participou, na última quinta-feira, 21, de uma visita técnica à Grota da Ventosa, na Mata do Havaí, localizada no bairro de mesmo nome, na região Oeste de Belo Horizonte. Na pauta estava a discussão sobre soluções para o risco geológico e o saneamento deficitário do local, que passou por um grande deslizamento em 2020, que soterrou quatro nascentes, e que sofre com o despejo irregular de lixo e esgoto residencial.
A Grota está na Sub-bacia do Córrego Cercadinho, afluente da Bacia do Ribeirão Arrudas, uma das duas bacias da capital junto a do Ribeirão do Onça, ambas desaguam no Rio das Velhas. Solicitada pelos moradores, a visita foi promovida pelo Subcomitê da Bacia Hidrográfica (SCBH) do Ribeirão Arrudas.
Compareceram representantes técnicos do Ministério Público e da Defensoria Pública de Minas Gerais, da Copasa e do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Velhas). A Prefeitura de Belo Horizonte enviou representantes da Companhia Urbanizadora e de Habitação (Urbel), da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA), da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Smobi), do Serviço de Limpeza Urbana (SLU) e do Centro de Referência de Assistência Social (Cras).
Também estiveram presentes representantes do gabinete da deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT) e dos movimentos comunitários SOS Mata do Havaí, Núcleo Manuelzão Cercadinho e do coletivo atuante junto ao Centro Municipal de Agroecologia e Educação Ambiental para Resíduos Orgânicos (Cemar).
Após o deslizamento em 2020, uma tentativa de revitalização na parte mais baixa da área foi feita em 2021, com a inauguração de um chafariz na saída das nascentes locais. “Queremos retomar este projeto, porque ficou muito no paisagismo a obra do chafariz e não tivemos verba para finalizar o que é mais importante: limpar a água e recuperar as nascentes. E então veio a pandemia de covid”, explica Márcia Marques, coordenadora do SCBH Arrudas e representante da sociedade civil pelo Projeto Manuelzão.
Ela conta ainda que os moradores da Sub-bacia do Cercadinho aguardavam, desde 2011, a construção de uma ponte, aprovada no orçamento participativo da prefeitura para a regional e prevista para uma área próxima ao Cemar, no bairro Estoril. Só agora a verba saiu, mas junto dela veio a notícia da construção de três bacias de detenção de cheias ao longo do Córrego Cercadinho. “Essa verba poderia ser muito mais bem utilizada na recuperação da Grota”, pontua a coordenadora do SCBH Arrudas.
Moradores contestam a possível construção das três bacias de detenção nos bairros Buritis, Estoril e Havaí e afirmam que não só não há o risco de enchentes, como também nunca foram registradas enchentes nos locais previstos.
Residente do bairro Havaí e integrante do SOS Mata do Havaí e do Núcleo Cercadinho, Neide Pacheco reclamou da falta de diálogo com a Prefeitura de BH. “A Sudecap [Superintendência de Desenvolvimento da Capital] não senta com a gente para ver o que estamos precisando. Precisamos resolver com urgência o problema da Grota, onde está tudo caindo, em vez de liberar verba para essas três bacias de detenção”.
Após a visita ao local, houve uma reunião em que os representantes se mostraram comovidos pela situação da encosta. O representante da Copasa, Rogério Sepúlveda, sugeriu que a Companhia viabilize a revitalização das nascentes, como tem feito em várias partes da cidade.
Os representantes também discutiram a interligação dos problemas, que passa por questões estruturais, como a (falta de) educação ambiental, até os mais imediatos, como o desmate das encostas, e que devem ser encarados coletivamente.
A representante da Defensoria Pública de Minas Gerais, Cleide Aparecida Nepomuceno, sugeriu que todas as demandas sejam encaminhadas através de ofício aos órgãos competentes após a realização da reunião.