13/12/2017
Após 30 dias da morte do professor, Subcomitê faz uma bela homenagem em agradecimento ao apoio e amizade deste grande incentivador da saúde, cidadania e meio ambiente.
Homenagem especial
“Cada um que passa por nossa vida, não vai sozinho.
Deixa um pouco de si. Leva um pouco de nós.”
Antônio Leite Alves Radicchi
Hoje, 13 de dezembro de 2017, faz 30
dias que a sociedade perdeu de forma lastimável e irremediável alguém de grande
importância para a cidade, para as águas e principalmente para as pessoas, o
sr. Antônio Leite Alves Radicchi. Escrever sobre uma pessoa querida que
perdemos recentemente é difícil. Mas nós, membros do Subcomitê da Bacia
Hidrográfica do Ribeirão Arrudas – SCBH Arrudas, gostaríamos de tornar público um
legado que não pode ser esquecido. Antônio Leite Alves Radicchi acreditava que
o conhecimento e a universidade deveriam ser levados a todos os cantos da
sociedade. Praticava isso, levando aos vários lugares seus conhecimentos e a
sua sabedoria, sempre de forma carinhosa, respeitosa e alegre. Respeitou a
diversidade e as pessoas com suas particularidades, com seus tempos e as suas necessidades.
Pessoa discreta, sensata, boa
ouvinte, um dos fundadores do Projeto Manuelzão da Faculdade de Medicina da
UFMG, ex-chefe do Departamento de Medicina Preventiva e Social, Professor
Doutor, simples, sem arrogância e/ou prepotência, amigo, conhecedor das causas
sociais, tolerante, coerente e calmo. São muitos os adjetivos que poderiam definir
o professor Antônio Leite que fez sua passagem de forma trágica e impensável
vítima das violências que vivenciamos nos tempos atuais.
Iniciamos a última reunião do SCBH
Arrudas ainda chocados com o ocorrido porque faziam três dias do fato trágico.
Cada um que estava ali, externava experiências, parcerias, vivências e
sentimentos íntimos em relação ao ser humano que tivemos a valiosa oportunidade
de conviver. Decidimos escrever algo para a família uma vez que Antônio Leite
nos marcou pelo seu jeito e caráter. Sua atuação como representante da UFMG
junto ao Conselho Municipal de Saneamento –COMUSA, propiciou o fomento da
necessidade urgente e contínua do saneamento dos córregos em leito natural da
cidade de Belo Horizonte. Após árduos anos de trabalho contínuo dele e de seus
pares no projeto Manuelzão foi institucionalizado o Subcomitê do Ribeirão
Arrudas, que carrega em si diariamente as mensagens e as alegrias de ter
aprendido com o prof. Antônio Leite, de que para tudo há solução, de que é
sempre necessário respeito e sobretudo calma para ver que as mudanças vêm em
seu tempo e a partir das lutas e dos esforços de todos nós.
Infelizmente aqui não cabe todos os
relatos, todas as lembranças das discussões nos grupos, nas reuniões, no Internato
Rural, o aprendizado através das publicações e das respostas dadas, a
convivência nos encontros do Projeto Manuelzão onde interagíamos com as famílias,
as participações nos eventos levando os filhos ainda pequenos (hoje não tão
pequenos) nas caminhadas pelas nascentes e matas ainda existentes na cidade. O
acompanhamento feito pelo professor e seus alunos do quinquagésimo caminhão de
entulho retirado do córrego dos Joões, pela Superintendência de Limpeza Urbana
de Belo Horizonte – SLU e que foi para a estação de tratamento de resíduos, as
participações em vários eventos e em toda a bacia do Arrudas: acompanhamento de
curso noturno no barreiro sobre saúde de meio ambiente; participação no COMAC
devido à incineração de lixo hospitalar de forma irregular; inauguração do Memorial
do córrego dos Joões e a orientação, o acompanhamento e a leitura de todo
material escrito para o livro Resgate histórico da bacia do córrego Navio /
Baleia e a apresentação da autora escrita por ele. A criação dos antigos
Comitês Manuelzão” de vários córregos ou os atuais “Núcleos Manuelzão”; São
várias e muitas as atuações do nosso amigo junto aos diversos outros núcleos,
subcomitês, comitês existentes na bacia hidrográfica do Rio das Velhas. Em
todos esses momentos de presença sempre houve muita história e bastante
carinho.
Encerramos com a dor de perceber a
interrupção de um legado imensurável por onde passou o Professor Antônio Leite.
Ele fará falta para todos nós, mas não desistiremos do caminhar, pois o fluir e
o encontro das águas está também em nós. Essa bela mensagem foi aprendida e
agora tentamos ensinar isso nos foi passado. Descanse em paz, professor. Que
Deus o tenha em sua plenitude e que sua família encontre todo o conforto
possível.
Membros do Subcomitê Arrudas