11/10/2023
Pesquisador do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG relaciona modificações ambientais com a vida de aves localizadas em trecho da Cordilheira do Espinhaço
Uma pesquisa realizada na UFMG revelou informações cruciais sobre a influência da cobertura florestal nas comunidades de aves em áreas remanescentes da Mata Atlântica. O estudo, conduzido pelo ornitólogo especialista Paulo Ricardo Siqueira durante seu doutorado no Programa de Pós-Graduação em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG, analisou as áreas altimontanas na Cadeia do Espinhaço, entre a Serra do Cipó e o município de Diamantina, em Minas Gerais.
As descobertas destacam a importância vital da preservação das florestas para a sobrevivência de diversas espécies de aves. Segundo Siqueira, a diminuição da cobertura florestal pode levar à extinção local de aves dependentes de floresta, que necessitam de condições específicas para alimentação, reprodução e abrigo. A pesquisa mostrou que quanto menor a cobertura florestal, maior a ameaça à biodiversidade, pois muitas espécies não conseguem atender aos seus requisitos biológicos essenciais em ambientes desmatados.
Para o biólogo, algumas espécies, como o pica-pau, dependem de árvores ocas e secas para construir seus ninhos, enquanto outras, como o jacu, necessitam de florestas maiores para garantir uma alimentação equilibrada. A pesquisa revelou que a preservação do percentual mínimo de 20% de Mata Atlântica nativa nas propriedades rurais, conforme proposto pelo Código Florestal, não é suficiente para proteger essas espécies.
“Isso é importante para conscientizar a população, porque muitas pessoas não têm esse entendimento de como e quanto. É um passo importante para definir estratégias de conservação, especialmente para as espécies dependentes de florestas, que têm requisitos biológicos específicos”, ressaltou Siqueira.
Além disso, o estudo destaca a relevância de compartilhar os resultados com a sociedade. Siqueira e sua equipe realizaram palestras em escolas para divulgar o conhecimento adquirido, visando aumentar a conscientização sobre a importância da preservação das florestas.
O trabalho de campo de Siqueira foi financiado pelo Fundo Brasileiro para a Diversidade (Funbio) e pela Fundação Rufford, que apoia projetos de preservação da natureza internacionalmente. Durante seu doutorado, o pesquisador também recebeu bolsa da Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Esse estudo ressalta não apenas a riqueza da biodiversidade brasileira, mas também a necessidade urgente de proteger nossas florestas para garantir o futuro dessas espécies vulneráveis. O trabalho realizado no ICB destaca o papel crucial da ciência na preservação do nosso ambiente e na promoção de um equilíbrio sustentável entre o homem e a natureza.
Confira a conversa do pesquisado :