28/12/2023
Última edição do ano rememora a expedição que, há duas décadas, transformou a história da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas
Acaba de ser publicada a edição de número 94 da Revista Manuelzão! De 12 setembro a 11 de outubro de 2003, tomou seu curso a Expedição “Manuelzão Desce o Rio das Velhas”, em que três navegadores percorreram o Velhas das nascentes em Ouro Preto à foz em Barra do Guaicuí, mobilizando a população das 51 cidades da bacia para um objetivo cristalino: a volta do peixe ao rio. Nos caiaques, Rafael Bernardes, Roberto Varejão e Ronald Guerra foram os responsáveis pela façanha que se espelhava na viagem do explorador inglês Richard Burton, que em 1867 navegou de Sabará ao Oceano Atlântico, percorrendo também o Velho Chico.
“Tendo a Expedição como objetivo imediato a mobilização pela revitalização de toda a Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, manifesta sinteticamente na fórmula da volta do peixe às suas águas, o Projeto Manuelzão ousou propor uma Expedição que percorresse toda a calha do rio”, escrevem o professor e navegador Roberto Varejão e Apolo Heringer Lisboa, médico, professor e idealizador do Projeto Manuelzão. Eles assinam o artigo que abre essa edição sobre os 20 anos da Expedição. Republicamos ainda um artigo do professor Eugênio Goulart sobre a viagem de Burton que serviu de guia quase 150 anos depois.
Mirando o presente, abordamos o alarmante cenário de pressão sobre unidades de conservação cruciais para a produção de água para a Bacia do Velhas e para a manutenção da biodiversidade de Minas. Áreas protegidas da Serra do Gandarela, Serra da Moeda e da Estação Ecológica de Arêdes são apenas algumas delas.
Sobre a ictiofauna do Rio das Velhas trazemos dois artigos: um, sobre a evolução da diversidade de peixes na Bacia do Velhas desde 1999 e, outro, sobre a correção da nomenclatura científica do dourado, peixe-símbolo da bacia, que por muito tempo foi confundido com um parente próximo.
Contamos como foi a segunda fase do Cultivando Águas, projeto de tecnologia social de captação de água da chuva do Manuelzão, além de fazermos um giro pelas principais notícias sobre a mobilização dos Núcleos Manuelzão na Grande BH. Tem acordo de recuperação ambiental da Mata do Havaí, ampliação do Parque do Trevo, lançamento de documentário sobre o Córrego Capão e aspirações do Movimento Izidora.
À nível federal, fazemos um balanço do ano da retomada do Conselho Nacional do Meio Ambiente.
Ao final de mais um ano maculado por guerras em várias partes do globo, o presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental, Carlos Bocuhy, mostra como os conflitos armados distanciam a humanidade de seu problema estrutural: sobreviver às mudanças climáticas. A desidratação das ambições na COP28 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2023) corrobora o diagnóstico de Bocuhy.
Boa leitura!