Workshop mobiliza escolas, comunidade e academia

26/11/2013

Experiências em mobilização social e uso da comunidade como multiplicadora na recuperação de cursos d’água e na divulgação científica da informação foram debatidos no encontro.

Com o intuito de difundir
experiências e metodologias em atividades de mobilização social e envolver as
escolas, professores e alunos no monitoramento participativo de Bacias foi
realizado nos dias 21 e 22, na UFMG o “Workshop Monitoramento Participativo de
Bacias Hidrografias”. Entre palestras, mesa-redonda e exposições; palestrantes
e participantes puderam trocar experiências de mobilização social e em diversos
processos e assuntos pesquisados demonstrar o envolvimento da comunidade como
multiplicadora nos movimentos de conscientização e recuperação dos cursos d’água
brasileiros.

Relação ensino-aprendizagem


Professoras durante visita aos estandes
Em meio às curiosas
plataformas, maquetes, experimentos e painéis expostos, as professoras Mara
Letícia Carvalho, Inês Alves Rezende e Consuêlo Rodrigues, ambas da Escola Estadual
Geraldina Ana Gomes, localizada no bairro Jardim Europa, em Venda Nova, na
capital mineira, conversavam sobre a interação comunidade, escola e
aprendizagem. Para elas, que participavam do Workshop, a rica experiência era
um momento único de aprendizagem. “Hoje tentamos trazer essa perspectiva
ambiental para os alunos, num contexto que une a questão ambiental, o espaço e
a sociedade”, argumenta a professora Inês Alves, que leciona Geografia, há 10
anos. Para ela, o Workshop como mecanismo de divulgação científica e recurso
didático promove interação. “È dentro deste espaço que procuramos mostrar para
os alunos a questão ambiental, pois dependemos do meio ambiente para
sobreviver. Procuramos também desenvolver a consciência ambiental, despertando
neles que além de ter essa consciência, é preciso multiplicar esse conhecimento
e transmiti-lo para as outras pessoas”, esclarece.

Segundo Inês, os Workshops e a
interação proposta são representativos devido a multidisciplinaridade, pois
agrega todos os tipos de disciplina e vários tipos de escolas diferentes. “Esse
processo é tão importante que pode aguçar a curiosidade de nossos alunos e
fazê-los ir em frente. Hoje educar ficou mais difícil e os alunos perderam o
interesse. Fazê-los se interessar e se voltar ao aprendizado é positivo”, argumenta.

Já a professora Mara Letícia
ressalta a força da parceria para elaborar projetos que mudam a sociedade. “O
projeto Manuelzão é um exemplo e essas parcerias para envolver as escolas
estaduais e municipais foi muito interessante. È uma forma de juntos trabalharmos
em prol do meio ambiente, da preservação da natureza e da conscientização”.

Aprendizado coletivo

O professor Paulo Gama Mota, diretor
do Museu da Ciência da Universidade de Coimbra, de Portugal, foi um dos
palestrantes. Para ele, muitas lições foram aprendidas. “Aprendi muito com as
escolas que passaram por aqui e apresentaram seus projetos. Um momento muito
significativo e participativo. Já tinha ouvido falar do projeto Manuelzão, mas
é diferente estar aqui e participar deste momento. Para mim foi uma experiência
bastante enriquecedora por que o trabalho desenvolvido para preservar o meio
ambiente e a vida das pessoas ao mesmo tempo tem sido extraordinário”.

Em relação à interação entre
academia e comunidade, escolas e alunos, o professor Paulo Gama argumenta que
ela é fundamental e que ciência se aprende fazendo e participando do processo. “Se
queremos transmitir ciência temos que mobilizar os próprios cientistas e não há
melhor comunicador de ciências do que um bom cientista, que faz boas pesquisas
e ao mesmo tempo sabe comunicá-la. Conseguir isso é de fato difícil, mas é um
salto muito grande na relação entre ciência, sociedade e academia, estreitando o
distanciamento que existia entre o espaço acadêmico e as pessoas”.

Professor da Universidade Federal
de Goiás, Leandro Gonçalves Oliveira, também palestrou e trouxe uma abordagem
diferente da usual. “Geralmente trazemos as crianças para nossos espaços e
laboratórios. Na pesquisa, inverto essa lógica e mostro uma relação oposta, vou
à escola e construo um projeto de intervenção na escola, com a escola e para a
escola”.

De acordo com o professor, é
importante que essa relação seja construída dentro de um contexto político
pedagógico e que o conteúdo complete o que foi proposto. “Se não houver essa
complementação, passa as ser mais uma simples palestra descontextualizada do
processo de conhecimento que está sendo obtido na escola. É preciso ter uma
habilidade muito grande nessa relação”, comenta.
Palestrantes e o coordenador do Projeto Manuelzão, Marcus Polignano.

Ao ser abordado sobre o tema
central do Workshop, o professor Leandro, revelou que a gestão da água ou o
processo de monitoramento participativo é previsto em lei e é um principio que deve
buscar descentralizar as responsabilidades. “Não cabe somente ao órgão gestor,
mas a toda sociedade tomar para si uma parte desta responsabilidade. Seria
importante que esses movimentos tivessem também reflexos no âmbito escolar para
que as escolas também se tornassem agentes sociais na melhoria da qualidade não
só das águas, mas do ambiente como um todo e isso é o que buscamos nesse
encontro. Qualquer espaço que aglutine pessoas sempre é importante por que
estamos sempre aprendendo. O segredo do bom professor é saber que ele não é apenas
um professor, mas um agente multiplicador e que ele mais aprende do que ensina”,
analisa o professor ao revelar que os desmembramentos do que foi exposto no Workshop
devem ser contínuos e não podem acabar por si só, tem que se dar uma
continuidade das ações de transformação social. “Ele necessita de uma
perenidade, de uma continuidade do trabalho e isso transcende a questão pessoal
de um pesquisador, de um professor ou de um aluno, é muito mais uma política de
Estado que deve ser voltada ao bem comum”.

De acordo com o presidente do
Comitê da Bacia Hidrográfica do rio das Velhas e coordenador do Projeto Manuelzão, Marcus Vinicius Polignano, a
interação escola, comunidade e sociedade è fundamental. “Esses espaços de conhecimento
e discussão de assuntos relacionados às experiências e metodologias em
atividades de mobilização social são ricos e os workshops se trabalhados de
forma comprometida abrem caminhos para a multiplicação e compartilhamento de
recursos didáticos e informações mais democráticas”, disse.


 

 

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