08/04/2025
Módulo para gestão de bacias hidrográficas congrega informações sobre disponibilidade e uso da água; Marcus Polignano representou o comitê do Rio São Francisco na ocasião
O coordenador do Projeto Manuelzão, Marcus Vinícius Polignano, participou do lançamento do novo módulo de bacias hidrográficas da rede MapBiomas no último dia 21, véspera do Dia Mundial da Água. Polignano representou o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, do qual é vice-presidente, no evento em que pesquisadores apresentaram a plataforma de suporte à decisão de gestores e governança das águas, com informações diversas sobre disponibilidade e uso da água no país, divididos por bacia, desde 1985 até o último ano.
O módulo de bacias hidrográficas reúne dados anuais sobre a superfície hídrica no país (área coberta no país por rios, lagos e lagoas), a dinâmica do uso da terra (variação do tamanho de áreas naturais e antropizadas), a dinâmica do desmatamento, áreas irrigadas e outorgas para captação de água superficial e subterrânea. Os dados podem ser acessados em diferentes escalas, por bacias, mesorregiões e macrorregiões hidrográficas, sempre a partir de 1985.
O conjunto de informações compilado até 2024 revela números alarmantes. Nos últimos 39 anos, o Brasil perdeu 2,4 milhões de hectares de superfície de água, número que representa uma redução de 15% da área total, além de registrar o crescimento acelerado de reservatórios artificiais em substituição aos corpos d’água naturais. Os pesquisadores do MapBiomas Juliano Schirmbeck, Mariana Dias e Diego Costa apresentaram os dados e a plataforma.
Em conversa mediada por Marcelo Latuf, professor da Universidade Federal de Alfenas, Marcus Polignano discutiu as possibilidade do módulo e os dados apresentados junto aos especialistas Ângelo Lima, representante do Observatório da Governança das Águas, Alice Matos, integrante do Movimento Tapajós Vivo e Vinícius Papatella, da Frente Parlamentar Ambientalista.
Polignano foi enfático sobre a gravidade dos conflitos pela água e pressão político-econômica que determina tal cenário. “Estamos substituindo ecossistemas aquáticos naturais por estruturas artificiais de forma insustentável. O mais grave é que continuamos concedendo outorgas como se tivéssemos a mesma disponibilidade hídrica de décadas atrás”. Os efeitos, lembrou Alice Matos, são sentidos prioritariamente pelas comunidades que têm uma relação íntima com as aguas. “Ribeirinhos assistem impotentes ao desaparecimento dos igarapés que sempre sustentaram suas vidas”.
Os especialistas defendem medidas urgentes como a atualização dos critérios de outorga, o fortalecimento dos comitês de bacia e o desenho de políticas de adaptação às mudanças climáticas.
Acesse o módulo de bacias hidrográficas do MapBiomas e assista à íntegra do evento de lançamento da plataforma; a participação de Polignano tem início a partir de 1:20:45: