07/11/2023
Quatro pessoas foram presas em flagrante após denúncia anônima sobre a ação de dragas em Honório Bicalho
A Polícia Militar de Meio Ambiente desmantelou um garimpo ilegal de ouro no Rio das Velhas na altura de Honório Bicalho, distrito de Nova Lima, na última quarta-feira, 31 de outubro. Após receber uma denúncia anônima, a PM de Meio Ambiente prendeu quatro pessoas em flagrante e apreendeu duas dragas que, instaladas em balsas, eram utilizadas nas ações junto de motores e outros instrumentos.
Os suspeitos foram pegos em uma região que fica apenas a 6 quilômetros da Estação de Tratamento de Água (ETA) Bela Fama, responsável pelo abastecimento de 2,4 milhões de pessoas na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
A lavra de aluvião, isto é, de minerais no fundo dos rios, representa enorme risco aos corpos d’água, sobretudo quando feita por dragas. Ao revirar o leito do rio a atividade aumenta a turbidez da água, altera os níveis de oxigenação e levanta sedimentos que podem conter metais pesados, deteriorando as condições de vida da biodiversidade aquática.
A atividade reflete diretamente na piora da qualidade da água que chega à ETA Bela Fama.
O garimpo no Rio das Velhas infelizmente não é novidade. O Projeto Manuelzão, moradores da região e veículos de imprensa vinham denunciando a extração de ouro da empresa Rio Preserv, que era realizada desde 2020 no município de Rio Acima, poucos quilômetros antes de Nova Lima. De acordo com as informações divulgadas até então, não há relação do esquema desmantelado na última quarta com as atividades da Rio Preserv.
A Rio Preserv atuou na região por três anos até ter suas licenças revogadas, somente em outubro deste ano, pela Superintendência Regional de Meio Ambiente Central Metropolitana (Supram) somente em outubro deste ano. O Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) também interrompeu por tempo indeterminado o processo de retificação de outorga após realizar uma vistoria no local de operação da Rio Preserv, junto com o Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas).
À época, Ronald Guerra, vice-presidente do CBH Rio das Velhas, alertou para a reincidência da situação: “Desde então, toda vez que a gente flagra balsas neste território, provocamos a fiscalização, mas as dragas retornam. Com o sistema de licenciamento facilitado pelo Estado, essa situação foi se legitimando. Temos levado as denúncias ao Igram e à Semad [Secretaria de Estado de Meio Ambiente]”. E cobrou: “É fundamental um sistema mais robusto de monitoramento do Alto Velhas, essencial para a segurança hídrica de toda a bacia e da RMBH”.