Prefeitura toma caminho mais fácil com obras paliativas para conter enchentes na VilarinhoProjeto Manuelzão

Prefeitura toma caminho mais fácil com obras paliativas para conter enchentes na Vilarinho

07/08/2020

Intervenções iniciadas pela Prefeitura Municipal mais uma vez protelam a necessidade mais ampla de repensar a relação do tecido urbano com seus cursos d’água e elaborar soluções sistêmicas e coordenadas para a questão

A Prefeitura de Belo Horizonte começou, no início deste mês, a segunda etapa das obras na avenida Vilarinho para liberar a área central da pista e escavar uma caixa de captação com o objetivo de regular as águas no local. A ideia é implantar uma estrutura de contenção com área de cerca de 2.800m², para captação da água que escoa por cima da via nas chuvas fortes.

Obras como essa, além de caras aos cofres públicos, repetidamente demonstram a inabilidade dos governos municipais e estaduais em lidar com a diversidade hídrica na capital mineira. Se bem planejadas e executadas, ainda que Vilarinho há muito tempo demonstre o contrário, apenas empurrarão o problema para outra parte da cidade.

O trecho onde ocorrem as obras está localizado no encontro da avenida Vilarinho com as ruas Doutor Álvaro Camargos e Maçon Ribeiro. O objetivo é promover a diminuição do risco de aumento da lâmina d’água na via durante os grandes eventos de chuva.

A outra parte da solução apresentada pela prefeitura é a construção de duas bacias de concreto armado, no trecho entre as ruas Hye Ribeiro e Elce Ribeiro, com a função de reter e controlar a vazão da água dos córregos e, assim, reduzir o risco de inundações no encontro das avenidas Vilarinho e Doutor Álvaro Camargos.

O Projeto Manuelzão continuamente argumentará contra ações como essa no combate às enchentes. Uma represa de concreto é justamente o oposto do recomendado por especialistas em drenagem urbana e urbanismo sustentável, que apontam para ações que tornem o solo mais permeável e refletem o tratamento desrespeitoso dado aos cursos d’água em Belo Horizonte.

Também demonstra que nossos problemas advêm menos da falta de investimentos e mais pela lógica equivocada da alocação dos recursos públicos.

Leia a matéria da Revista Manuelzão 87 com dez propostas para repensarmos a cidade e as águas.

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