15/05/2024
Comunidade situada entre o Serro e Santo Antônio do Itambé recebeu três cisternas, e seis pessoas foram capacitadas durante o processo de construção
No último sábado, 11, o clima foi de alegria para o Projeto Manuelzão. Junto aos moradores do Quilombo Queimadas, localizado entre os municípios de Serro e Santo Antônio do Itambé, na região Central de Minas, a equipe do Cultivando Águas celebrou a última formatura da segunda fase do projeto, que promove segurança hídrica e autonomia comunitária através da construção de cisternas.
O Arraial de São José das Maravilhas e a Associação Comunitária Quilombola de Queimadas, que integram o território do Quilombo Queimadas, e a comunidade vizinha de Mumbuca receberam três cisternas de captação de água da chuva, construídas em 2023 por meio de mutirão. Foram seis cisterneiros formados e certificados, e cerca de 20 pessoas atuaram como voluntárias.
A formatura foi realizada no próprio território de Queimadas, em clima de festa, com a entrega dos certificados aos participantes de todo o processo de construção de cada uma das cisternas. O espaço escolhido fica a poucos metros de distância de uma delas, em São José das Maravilhas. A comemoração contou com uma visita à cisterna.
José Valdemir Ventura, o Zé, foi um dos cisterneiros que recebeu o certificado durante o evento. “Todo mundo se divertiu, todo mundo ficou alegre, todo mundo ficou muito agradecido. Pra mim foi muito gratificante, já tem gente querendo contratar a gente pra fazer cisterna”, compartilha, sorridente, o apicultor.
Queimadas abriga cerca de 200 famílias. A execução na localidade foi possível através da parceria entre o Projeto Manuelzão e o Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM). Há cerca de dois anos, os moradores da região têm percebido significativo impacto de projetos de mineradoras na mata do território.
Para Márcia Marques, geógrafa e coordenadora do Cultivando Águas, celebrar a capacitação dos cisterneiros fortalece a população por meio do conhecimento de uma tecnologia social que, se já era necessária na região, tende a ser indispensável diante do avanço das atividades minerárias que estão em processo de licenciamento no território.
Zé conta que a alegria da cerimônia já se multiplica, enquanto a comunidade se anima com a ideia de trabalhar em possíveis projetos relacionados ao uso das cisternas. “Essa cisterna é muito útil. As pessoas já estão comentando sobre. Estou muito agradecido! A água é muito importante pra nós todos, sem ela a gente não vive. Vamos lá agora com outros projetos! Fiz um comentário pequeno e já começou a crescer aqui. Já tem mães aqui sonhando com horta”, exalta o recém-formado cisterneiro.
Cultivando Águas
Ao longo de 2023, foram oito cisternas construídas em comunidades que enfrentam vulnerabilidade hídrica e socioambiental e ameaças ao território. A iniciativa combina educação ambiental emancipatória e capacitação técnica na construção coletiva de cisternas para captar água da chuva. Além da formação de cisterneiros e cisterneiras, o projeto fomenta as discussões ambientais nos territórios e a preservação do conhecimento e tradição das comunidades.
O modelo da cisterna de placas é considerado uma alternativa criativa e de baixo custo para acumular água nos territórios e melhorar a convivência com problemas de acesso e abastecimento. Além de multiplicar a tecnologia, a proposta do Cultivando Águas é contribuir para a autonomia e emancipação das comunidades.