Vale produziu estudo usado pela Tamisa sobre potencial minerário da Serra do Curral - Projeto ManuelzãoProjeto Manuelzão

Vale produziu estudo usado pela Tamisa sobre potencial minerário da Serra do Curral

10/05/2022

A gigante do ramo optou por não adquirir direitos de exploração na área, mas pavimentou caminho para atual investida da Tamisa

[Imagem da capa: Mapa geológico simplificado do Quadrilátero Ferrífero (modificado de Alkmim & Marshak, 1998) Fonte: Estudo ambiental apresentado ao conselho do Parque Estadual da Baleia.]

Os estudos geológicos que informaram o potencial exploratório da Serra do Curral foram realizados pela Vale, em 2007. Trata-se do início do longo histórico de especulação sobre a área. À época, as mineradoras Ana Cruz, Serra Azul e Morro Cascavel contrataram uma pesquisa mineral na fazenda Ana da Cruz, de propriedade da construtora Cowan, local escolhido para a instalação do empreendimento que atualmente ameaça a serra.

Com as pesquisas geológicas disponíveis, as três pequenas empresas fundaram em 2010 a Tamisa que, mais tarde, iria propor o Complexo Minerário Serra do Taquaril (CMST). A maior acionista da Tamisa é a Cowan – a mesma responsável pelo viaduto Batalha dos Guararapes, que desabou na capital, durante a Copa do Mundo de 2014, vitimando 2 pessoas e ferindo 23. Até hoje, ninguém foi punido.

O CMST era dividido com as mineradoras Cascavel e AGV Mineração, mas esta última empresa informou à reportagem de Marcelo da Fonseca d’O Tempo, por meio de nota, que desistiu da sociedade em julho de 2015.

Foram duas tentativas de licenciamento até o êxito obtido no último dia 30, no Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam). Em sua concepção inicial, o projeto era dividido em três fases, que durariam 30 anos, e previa a retirada e 1,2 bilhão de toneladas de minério. Após a negativa nessa oportunidade, a empresa adotou uma estratégia comum do setor minerário: fatiar o projeto em etapas, para facilitar a obtenção das licenças.

Arquivado numa segunda tentativa, o projeto agora está dividido em duas fases, distribuídas ao longo de 13 anos e objetiva o beneficiamento de 31 milhões de toneladas de minério de ferro. Contudo, o representante da Tamisa, Leandro Amorim, já afirmou, em audiência pública realizada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), que a empresa não pretende encerrar por aí a exploração, para não perder o direito à lavra na área, que então poderia ser tomado por outra empresa interessada.

A presença da Vale na Serra do Curral

A Vale é dona da mina Águas Claras, que foi explorada por 30 anos e deixou um buraco de mais de 120 metros de profundidade colado na parte de trás da serra. A mina é contígua à área do CMST e está desativada desde 2000, mas ainda em processo de descaracterização. Passado todo esse tempo, a maior mineradora do Brasil não promoveu a recuperação ambiental da área.

Por meio de nota à reportagem d’O Tempo, a Vale admitiu ter realizado os estudos que foram usados pela Tamisa e que, após concluídos, não demonstrou interesse e optou por não adquirir os direitos minerários para explorar o principal cartão-postal de Belo Horizonte.

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