Atropelando UFMG e vozes contrárias, Prefeitura inicia corte de árvores no entorno do MineirãoProjeto Manuelzão

Atropelando UFMG e vozes contrárias, Prefeitura inicia corte de árvores no entorno do Mineirão

29/02/2024

Supressão foi iniciada menos de 24 horas depois da reitora da UFMG afirmar que a comunidade universitária é contra a realização da corrida no local

A Prefeitura de Belo Horizonte, ignorando a posição da UFMG e as muitas discussões ainda em curso, lamentavelmente iniciou o corte de árvores no entorno do Mineirão e do Campus Pampulha para a realização de uma prova da Stock Car na área. O corte das árvores foi iniciado no fim da manhã desta quarta, 28, menos de 24 horas depois da reitora da UFMG, Sandra Goulart, afirmar enfaticamente que a comunidade universitária é contra a realização da corrida no local.

Ainda na quarta, a Universidade publicou um posicionamento oficial.

Caso a Prefeitura não interrompa as ações, 73 árvores serão suprimidas, 63 em vias públicas e 10 dentro da área do Mineirão. Desse total, 8 árvores serão transplantadas. Informações preliminares enviadas por pessoas que estiveram no local dão conta de que ao menos uma dúzia de árvores já foi derrubada na Avenida Rei Pelé. Mas o número pode chegar a 19.

Indignadas, várias pessoas se manifestaram no local. No fim de tarde, mais protestos foram realizados em frente à sede da Prefeitura de BH. Na madrugada de quarta para quinta, 29, uma vigília foi organizada por moradores, estudantes e ambientalistas para impedir que a derrubada das árvores continue.

A reitora da UFMG afirmou que a instituição oficiou a Prefeitura na terça-feira, 23, para discutir o assunto, e ressaltou a “falta de diálogo” até então. Uma equipe técnica da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) de BH, em um parecer assinado em 31 de janeiro, recomendou que o autódromo da Stock Car fosse objeto de licenciamento ambiental para que os impactos negativos decorrentes da corrida fossem devidamente analisados.

No entanto o Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comam) de BH, instância deliberativa vinculada à SMMA, contrariou a equipe técnica do órgão e aprovou a supressão das 63 árvores em vias públicas, sem exigir o licenciamento da corrida.

Os técnicos da Secretaria lembram no parecer a área já sofreu com extensa perda arbórea na última década. Durante a reforma do Mineirão para a Copa do Mundo de 2014, 777 árvores foram cortadas no entorno do estádio, 59 delas sem autorização da SMMA. Ainda que novos plantios tenham sido feitos como forma de compensação ambiental, grande parte das árvores hoje existentes foi plantada em 2013 ou em data posterior, “portanto ainda não tiveram tempo de se desenvolver plenamente”.

Para a maioria das árvores cortadas, o tempo necessário para se chegar à fase adulta é de mais de uma década. O ipê-roxo, por exemplo, pode demorar cerca de 100 anos para atingir o amadurecimento pleno.

Discussões e mobilização em curso

O Conselho Municipal de Política Urbana (Compur) reúne-se na manhã desta quinta-feira, 29,  às 9h. O Compur é um dos órgãos que pode convocar o licenciamento urbanístico da prova da Stock Car. Às 13h30, a Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizará uma audiência pública, solicitada pela deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT), para discutir os impactos socioambientais da corrida e do corte de árvores na Pampulha.

A população contrária a realização do evento no entorno do Mineirão está acampado em frente à entrada do Hospital Veterinário da UFMG, na Avenida Presidente Carlos Luz, 5162, desde a noite de ontem, para impedir a continuidade do corte das árvores pela Prefeitura. A supressão estava prevista para ser iniciada na madrugada desta quinta, mas até então não foram avistados funcionários da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) no local.

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