Tamisa precisará de área pertencente à Vale para minerar a Serra do CurralProjeto Manuelzão

Tamisa precisará de área pertencente à Vale para minerar a Serra do Curral

25/05/2022

Documento mostra que projeto de mineração na serra extrapola área que pertence à Tamisa e inclui fazenda de propriedade da Vale

Linha de cumeada da serra do Taquaril e variante sobre imagem de satélite. Fonte: Figura 3.4 do EIA

Um parecer da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) aponta que projeto de mineração da Tamisa na Serra do Curral inclui a extração de minério de ferro em uma área pertencente à Vale. A informação foi revelada por uma reportagem de Sérgio Marques ao MGTV, da TV Globo, que foi ao ar na última sexta-feira, 20.

O empreendimento da Tamisa, dividido em duas fases, prevê a extração de 31 milhões de toneladas de minério em 13 anos. Segundo o parecer da Semad, a fase 1 será executada unicamente em terreno da Tamisa, enquanto a fase 2 inclui a área da Vale. Por meio de nota, a Vale negou que cederá a área à Tamisa.

A Tamisa é proprietária da Fazenda Ana da Cruz, localizada nas cidades de Nova Lima e Sabará, onde será instalado a maior parte do empreendimento. Na primeira fase, a ser realizada no local com a abertura da Cava Norte, está prevista a lavra de 2,34 milhões de toneladas do material, e, na segunda, mais 28 milhões de toneladas. 

Na segunda etapa do projeto, a exploração será realizada, também, em parte da Fazenda Morro Velho, de propriedade da Vale. Para esta fase, está prevista a abertura das Cavas Oeste e Central, sendo a primeira localizada a apenas 150 metros do Pico Belo Horizonte. 

 Linha de cumeada da serra do Taquaril e variante sobre imagem de satélite. Fonte: Figura 3.4 do EIA

Em ambas as fases do projeto, o empreendimento ameaça áreas que estão em processo de tombamento a nível estadual pelo e que já foram tombadas em nível municipal e federal. 

“Para as fases 1 e 2 do projeto foram identificadas duas propriedades na ADA, sendo a Fazenda na da Cruz, de propriedade do empreendedor, onde situa-se inteiramente a fase 1, e a Fazenda Morro Velho, de propriedade da MBR [Minerações Brasileiras Reunida], adquirida pela Vale. Para a fase 2, haverá uma pequena interferência na Fazenda Morro Velho, além da área integral já englobada na fase 1”, diz o projeto.

Ainda de acordo com o parecer da Semad, as alterações topográficas e na paisagem, além da remoção vegetal, serão ampliadas neste período. A Semad afirma que a fase 2 é considerada como de “alta importância e alta magnitude” e que está associada “à aquisição ou arrendamento de uma porção da propriedade confrontante [Vale S/A]”.

A Vale confirmou, em nota, que é proprietária da Fazenda Morro Velho, mas que “não concedeu nenhum tipo de autorização à Tamisa para utilização desse imóvel”. A Tamisa declarou que “fez pedido de servidão minerária a ANM [Agência Nacional de Mineração], que, quando concedida, permitirá o seu uso”.

O envolvimento da Vale

Esta não é a primeira situação em que a mineradora Vale surge no processo de exploração minerária da Serra do Curral. Os estudos geológicos que tratam do potencial minerário da região foram produzidos pela mineradora ainda em 2007. A partir da pesquisa realizada pela Vale, três empresas se uniram e fundaram a Taquaril Mineração S.A (Tamisa) em 2010. Apesar de ter assumido a responsabilidade pelos estudos utilizados pela Tamisa, a Vale afirmou não possuir interesse pelos direitos minerários da área.

Além de ser proprietária do terreno da Fazenda Morro Velho, a mineradora também é dona da mina Águas Claras, área explorada por 30 anos e que é, atualmente, um buraco com mais de 120 metros quadrados de profundidade próximo ao cartão-postal de Belo Horizonte. A mina, desativada desde 2000 e em processo de descaracterização, é contígua à área visada pela Tamisa.

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