Em 1997, logo no início das atividades do Projeto Manuelzão, havia um quadro problemático envolvendo a bacia hidrográfica do rio das Velhas em razão de práticas que degradavam as reservas naturais de água, como a disposição inadequada de lixo e esgoto nos cursos d’água. O resultado disso se expressava por meio de afluentes extremamente poluídos, fétidos e sem vida, o que restringia cada vez mais a disponibilidade de água própria para consumo humano e a possibilidade de utilização dos rios da bacia para lazer, além de contribuir para a perda progressiva da qualidade da água do rio das Velhas.
Nesse contexto de degradação, uma das estratégias que se pensou para transformar a realidade foi desenvolver um subprojeto de educação ambiental. Dessa forma, seria possível promover um processo educativo voltado ao estabelecimento de uma relação inovadora entre sociedade e natureza, mais harmônica e sustentável. Essa relação seria preenchida pela noção de pertencimento a uma bacia hidrográfica. Isso auxiliaria no despertar de uma crítica em relação ao modelo vigente de desenvolvimento, que não considera a conexão natural dos ecossistemas de uma bacia, e na instauração de uma postura individual e coletiva de pró-atividade, pois pertencer a uma bacia supõe influenciar tudo o que acontece nela, de alguma forma.
O subprojeto recebeu o nome de Manuelzão Vai à Escola. Ele tem como base a pedagogia escolar voltada ao desenvolvimento de um compromisso das escolas com a solução de problemas concretos da bacia hidrográfica em que se encontram. Seus focos são a saúde, a cidadania e o desenvolvimento sustentável, tendo os cursos d’água como eixo de mobilização e a volta dos peixes aos rios como indicador da qualidade da água e do sucesso do trabalho. Atualmente, as atividades de educação ambiental do Projeto são realizadas junto a escolas dos ensino fundamental e médio e, também, em parceria com as comunidades, organizadas sob a forma de Núcleos Manuelzão.
O Manuelzão entende que a questão ambiental não é disciplinar, e sim um tema transversal, que deve ser trabalhado de modo a contribuir para a mudança da mentalidade civilizatória. Portanto, a educação ambiental surgiu no Projeto como forma de exercício da cidadania, justamente por motivar atitudes direcionadas à resolução de problemas socioambientais e por basear-se em uma concepção ética da sociedade.
Entre os anos de 2006 e 2008, o projeto Manuelzão produziu o periódico Cadernos Manuelzão. Uma publicação de cinco edições ofertadas gratuitamente aos interessados pelos estudos ambientais. Trata-se de um espaço de discussão de temas relacionados à experiência do Manuelzão em seus primeiros nove anos de atuação.
Artigos científicos de Marcus Vinícius Polignano, Apolo Heringer Lisboa, Elton Antunes, Tarcísio Márcio Magalhães Pinheiro, Rogério de Oliveira Sepúlveda, Rennan Mafra, Margarete Leta, Alenice Baeta, Ana Paula Almeida Marchesotti, José de Castro Procópio, Mônica Campolina Diniz Peixoto, dentre muitos outros, podem ser encontrados ao longo dos exemplares. Para ter acesso às versões digitais das edições dos Cadernos Manuelzão, basta clicar aqui.